Tony Squizzo assume os vocais no lugar de Kelly Tybel
Por Luiz Athayde
Sobreviver de música underground no Brasil sempre foi uma tarefa que transcende o árduo. Quando se fala em punk, pós e suas variantes, aí a coisa desbanca para a pura sorte. De alguma maneira, parece ser esse o desafio aliado à uma cega paixão pelo que se faz que nos trouxe bandas tão vorazes ao longo dos anos – e das modas.
Na eterna brigada dos sons obscuros, está a banda Fake Dreams. Surgida em Vila Velha, ES das cinzas do Drei Hexen, o grupo capitaneado pelo compositor, tecladista e programador Angell Borba lançou no ano passado seu debut Sonhos, contando com João Depoli (guitarras), Clovis Monteiro (baixo) e Kelly Tybel no comando dos microfones.
Dramático, coeso e, sobretudo dark, o álbum de estreia lançado pelo carimbo paulistano Deepland Records figurou entre os potenciais lançamentos do ano, mas infelizmente foi ofuscado pela saída prematura de Tybel. Sem perder tempo, a banda recrutou Tony Squizzo (Cannibal Clown), figura antiga no underground local para entrar em estúdio e gravar “I Ran”, versão para o hit do seminal grupo da cena oitentista de Liverpool A Flock Of Seagulls, especialmente para o terceiro volume da coletânea Temple of Souls – juntamente com antigos e novos atos da cena darkwave/eletrônica como A Industrya, The Knutz, o conterrâneo Tape X e outros –, além de um poema musicado de Edu Morpheus para coletânea De Profundis Vol. 5, com previsão de lançamento para outubro desse ano.
Em papo para o Class Of Sounds, Angell Borba contou como se deu o processo de reestruturação do grupo.
“Após o desligamento da vocalista, logo após o lançamento do CD ‘Sonhos’, ficamos um pouco sem chão, pois foi muito inesperado. Passamos por um período fazendo uns testes que não corresponderam a proposta da banda.’’, disse Borba.
Sobre a entrada do novo vocalista, o músico comentou:
“Tive a ideia de pedir ajuda ao vocalista da banda Cannibal Clown, o Tony Squizzo, para gravar uma música apenas para a coletânea [Temple of Souls Volume 3]. Escolhemos fazer uma versão da clássica ‘I Ran’, e para a minha surpresa a versão ficou excelente e logo vimos que ali nascia uma parceria muito boa mesmo. Na sequência recebemos o convite para participar da nova coletânea De Profundis Vol.5, onde decidimos musicar um poema do amigo e produtor Edu Affinito, assim gravamos ‘Passagem’.
De uma parceria para gravação de 2 músicas, o Tony se identificou com a proposta da Fake Dreams e convidamos a entrar na banda.”
Os ventos sombrios parecem estar tão a favor que o músico revelou a deixa de um futuro álbum.
“A afinidade da banda somado a empolgação de voltar aos palcos, em poucos meses já escrevemos e compomos 14 músicas e estamos perto de ir para os estúdio ensaiar o novo show. Agora com letras em inglês e português, arranjos mais trabalhados e seguindo a linha post punk/alternative rock, posso dizer que a sonoridade das novas músicas navega nos meados dos anos 90.”, disse. E continua:
“Definitivamente estamos muito empolgados para mostrar este novo trabalho da Fake Dreams, estamos loucos para fazer shows tanto em Vitória quanto em outras capitais… e acima de tudo, esperamos que todos gostem da nova formação e das nossas músicas.”
Enquanto não sai material novo, confira o vídeo oficial – com produção assinada pela Digi.Lab e o Estúdio Toca do Morcego – da faixa “Agonia Histeria”, do álbum de estreia Sonhos, ainda com a antiga formação.