Lendário músico carioca abriu o leque da brasilidade para além do samba e da bossa nova
Por Luiz Athayde
O pianista Antonio Adolfo lançou seu novo álbum de estúdio, Love Cole Porter, nas plataformas de streaming.
Trata-se de um tributo ao icônico compositor americano Cole Porter, conhecido por exemplo, pela autoria de canções célebres como “I’ve Got You Under my Skin” e “Anything Goes”, cantadas por Frank Sinatra.
Sua versão, no entanto, traz o DNA de um músico nascido há 77 anos em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, e de seu vasto conhecimento e feeling pela música brasileira como um todo.
Traduzindo: quando se trata de Brasil no âmbito musical, ao menos de um modo geral, os primeiros estilos que vêm à cabeça dos estrangeiros são samba e bossa nova.
Porém, Adolfo transpôs essa barreira imaginária e lançou mão de ritmos tão complexos e importantes quanto, mas pouco difundidos. A exemplo de frevo, ijexá, toada, quadrilha, partido alto e outros mais.
“Comecei fazendo experiências com diferentes músicas de Cole Porter no piano, experimentando diferentes estilos de música brasileira. Demorou um pouco para trazê-las para o meu mundo musical e para as minhas ideias”, revelou em comunicado.
A produção e os arranjos são assinados por Antonio Adolfo. Os trabalhos de gravação são de Leo Alcântara e Marcelo Saboia – que também mixou o álbum – e a masterização ficou a cargo de André Dias.
Juntamente com Adolfo estão os músicos: Lula Galvão (guitarra), Jorge Helder (baixo), Rafael Barata (bateria), Dadá Costa e Rafael Barata (ambos percussão), Jessé Sadoc (trompete, flugelhorn), Danilo Sinna (sax alto), Marcelo Martins (sax tenor e soprano, flauta) e Rafael Rocha (trombone).
Por falar em brasilidade, Antonio Adolfo será uma das atrações do Dia Brasil no Rock in Rio 2024. Em 21 de setembro, o jazz será representado ante um line-up diverso, indo do erudito ao popularesco.
Ouça Love Cole Porter na íntegra a seguir.
Antonio Adolfo Maurity Sabóia é pianista, arranjador, produtor e educador. Filho de mãe era violinista da Orquestra Sinfônica Brasileira, sua criação foi naturalmente musical.
Aos sete anos, iniciou seus estudos e aos dezessete, já era um músico profissional. Eumir Deodato e a renomada compositora francesa e educadora musical Nadia Boulanger estão na lista de seus professores.
Já liderando seu próprio trio durante a década de 60, participou de vários shows de bossa nova e jazz, tocando ao lado de nomes como Leny Andrade, Elis Regina, Milton Nascimento, Carlos Lyra, Flora Purim e Wilson Simonal.
Um de seus maiores êxitos como compositor foi com a música “Sá Marina”, ganhando versões de Sérgio Mendes, Stevie Wonder, Dionne Warwick e lista a perder de vista. A quantidade de prêmios e nomeações também é considerável. Recentemente ele foi indicado como Melhor Solista na categoria Instrumental na 31ª edição do Prêmio da Música Brasileira, que acontecerá no dia 12 de junho deste ano em homenagem a Tim Maia, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Outras indicações o incluem Grammy Latino de 2015 pelo seu álbum Tema; Melhor álbum de Jazz Latino para o Grammy Latino 2016 com Tropical Infinito, e mais. Além de ter vencido o Festival Internacional da Canção em 1969 e 1970.