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Foto: Reprodução (Gengahr)

Entrevista: O Santuário de Gengahr

“A gente se escondia na sala de ensaio da escola quando tentavam nos bater!”

Por Luis Taylor

No dia 31 de Janeiro, a banda londrina Gengahr lançou Sanctuary, seu terceiro álbum de estúdio. O quarto no total, se contarmos o LIVE LP. O Class of Sounds esteve presente na mini-apresentação que eles fizeram para o lançamento do álbum na loja Rough Trade, em Londres. Depois de ouvi-los ao vivo (e autografar o setlist) entramos em contato via email com eles. Confira abaixo o bate-papo com Hugh Schulte, baixista e também o artista visual responsável por algumas das pinturas presentes nas capas dos álbuns e singles da banda.

Para começar vamos falar do background da banda. Vocês são todos do East London (N.E:a área leste da cidade e mais acessível, e por isso tem uma presença forte de artistas, classe trabalhadora e imigrantes). Qual o tamanho da inspiração da área onde vocês cresceram para o som da banda?

Hugh Schulte: Crescer em Londres teve uma grande influência em nosso som. Você está cercado por tantas pessoas diferentes, de com diferentes origens culturais e acho que isso tem um impacto positivo em você como pessoa, para não mencionar na música que você faz. Além disso, praticamente todos os nossos amigos fazem parte de em bandas – acho que isso ajuda a aumentar o nosso caldeirão musical.


E já que estamos falando de inspirações, quais bandas você tem como referência? Pode ser musicalmente falando ou mesmo devido a um certo tom de guitarra, corte de cabelo (ou falta de) ou roupas.

Hugh Schulte: Cada um de nós tem seus favoritos. Mas para mim artistas como Can, Stereolab e Bowie me influenciaram muito enquanto crescia.


Para continuar no lado musical da conversa, dá para perceber um som muito distinto em suas músicas. Isso meio que define Gengahr. Como vocês chegaram a esse ponto? E como é o ato de escrever/compor para a banda?

Hugh Schulte: Poxa, muito obrigado! Eu penso que chegamos a este ponto graças a contribuição ativa de todos da banda, com cada um trazendo inspirações diferentes para a momento da criação. Por exemplo, John gosta muito de rock alternativo (alternative guitar music) e eu e Danny trazemos mais influências do Funk / Hip-Hop.

Gengahr na Rough Trade em janeiro (Foto: Luis Taylor)

Também podemos ver que todos vocês são muito talentosos quando se trata de tocar. Escola de música alguém ou apenas muita prática?

Hugh Schulte: John é o único que estudou música, o resto de nós é praticamente autodidata. Eu, Danny e Felix frequentamos a mesma escola e tivemos sorte porque na escola eles tinham salas de ensaio com guitarras e baterias. Nós nos escondíamos lá quando crianças maiores estavam tentando nos bater!


A maneira como a banda soa nos discos é muito particular, etérea e parece bem difícil de fazer a transição do álbum para a apresentação ao vivo. Você também acha isso? Ou vocês tem uma maneira especial de transportar as canções do estúdio para o palco?

Hugh Schulte: Tentamos não reproduzir exatamente o que fazemos no disco na apresentação ao vivo. Acho legal ter uma versão um pouco diferente das músicas para as pessoas ouvirem quando estão em um show nosso. Normalmente é um pouco mais cru quando tocamos ao vivo.


Vocês alcançaram a marca do terceiro álbum. Quais são as principais diferenças que você percebe entre Sanctuary e seus outros álbuns?

Hugh Schulte: Os dois primeiros álbuns foram escritos de maneira semelhante, mas o último teve mais partes criadas no computador e, por isso, tem um som um menos orgânico .Um pouco mais processado e eletrônico.


Você consegue escolher sua música favorita de cada álbum? (Neste momento, as minhas são Tired Eyes, Carrion e Everything & More)

Hugh Schulte: Para mim, é difícil escolher uma música favorita, porque eu não escuto nossos discos depois que terminamos de gravar. As minhas músicas favoritas para tocar mudam o tempo todo, mas atualmente as mais divertidas são You’re No Fun do último álbum, Carrion do segundo e Embers do primeiro.

Gengahr ao vivo na Rough Trade, em Londres (Foto: Luis Taylor)

Olhando para trás agora, como foi o início dessa jornada? Foi fácil encontrar espaços que abriam as portas para uma banda tocar suas músicas autorais? Como é esse cenário para as bandas inglesas, em geral?

Hugh Schulte: O início da nossa jornada foi divertido, mas não é fácil estar em uma banda agora ou mesmo antes. Todos nós trabalhamos em outros empregos, porque é extremamente difícil nos manter apenas com a música. Eu acho que o momento atual é difícil para bandas em todo lugar. Muitos governos ocidentais estão retirando investimentos voltado para a arte e, sem esse apoio, é difícil que novos artistas decolem.


Você conhece algum artista brasileiro? E a banda tem planos para estender alguma de suas turnês à América do Sul?

Hugh Schulte: Sim, eu amo a banda Os Mutantes! Também tem o Seu Jorge que é uma lenda. Quanto a tocar na América do Sul, nós adoraríamos! Ainda não tivemos a sorte de ter essa chance, mas tomara que isso aconteça em breve.


Você pode listar três discos que vai ouvir pelo resto da vida e um que você jogaria na lixeira?

Hugh Schulte: Five Leaves Left – Nick Drake; Glassworks – Philip Glass; Hunky Dory – David Bowie.

O que eu jogaria no lixo é U2 – Songs of Innocence, mas o meu iPhone não me deixa apagá-lo! 


E para terminar, qual o seu Pokémon favorito?

Hugh Schulte: Ah, essa é fácil … Gengar!

Foto: Reprodução (Instagram)

Interview: Gengahr found their Sanctuary

“We used to hid in the school’s rehearsal room when people tried to beat us!”


Before lockdown, on the 31st of January, the London-based Gengahr released their 3rd studio album. The 4th overall, if we count in the LIVE LP. “Class of Sounds” crew was present at the intimate release concert at Rough Trade East. After witnessing the concert and getting the autographed setlist, we changed emails with the interview you can read below, answered by bassist and visual artist Hugh Schulte

First of all, let’s talk about your background. You’re all from East London. How big inspiration was the environment you grew up to the sound of the band?

Hugh Schulte: Growing up in London had a big influence on our sound. You’re surrounded by so many different people with different cultural backgrounds and I think that has a positive impact on you as a person, let alone on the music you make. In addition to that pretty much all of our friends are in bands – I think that helps add to the musical melting pot.


And since we’re talking about inspirations, which bands do you have as a reference? It can be musically speaking or even because of a certain guitar tone, haircut (or lack of) or clothing.

Hugh Schulte: We all have our own favourites. But for me artists like Can, Stereolab and Bowie had a big influence on me growing up.


Just to keep it on the musical side of things, we can see a very distinguished sound on your songs. It kind of defines Gengahr. How did you get to this point? And how is writing/composing for the band?

Hugh Schulte: Thank you very much! I think partly because we all bring slightly different inspirations to the writing. For example John is particularly into alternative guitar music and Danny and I come at it more from the Funk / Hip-Hop direction.

Gengahr live at Rough Trade East (Photo by Luis Taylor)

We can also see that you’re all very gifted when it comes to playing. Music school anyone or just a lot of practice?

Hugh Schulte: John is the only one to have studied music, the rest of us are pretty much self taught. Me, Danny and Felix went to the same school and we were lucky because at school they had rehearsal rooms with guitars and drums. We got to hide there when big kids were trying to beat us up!


The way the band sounds on records is very particular, ethereal and looks like a lot of hard work to replicate live. Is it true? Or do you have a special way to transport it from record to live sessions?

Hugh Schulte: We try not to replicate exactly what we do on the record, live. I think it’s nice to have a slightly different version for people to hear when they see us at a show. It’s normally a bit more raucous when we play it live.


You just reached the third album mark. What are the main differences you see from Sanctuary to your other albums?

Hugh Schulte: I think the first two albums were written in a similar fashion but the last one was written more on computers so it has a slightly more electronic, processed sound.


Can you pick a favourite song from each one? ( I would go with Tired Eyes, Carrion and Everything & More, right now)

Hugh Schulte: For me it’s hard to pick a favourite song because I don’t really listen to our music after we finish recording it. My live favourite changes all the time but currently it’s You’re No Fun from the latest album, Carrion from the second and Embers from the first.

Gengahr in studio (Facebook)

Looking back now, how was the beginning of this journey? Was it easy to find spaces that would welcome a band playing its songs? How is this landscape for English bands, in general? 

Hugh Schulte: Beginning the journey was fun but it’s not easy being in a band then or now. We all work other jobs because supporting yourself entirely through music is extremely difficult. I think it’s hard everywhere for bands at the moment. A lot of governments in the West are taking funding away from the arts and without that support it’s hard for new acts to get off the ground.


Any music from Brazil you’re aware of? Or any plans to extend one of your tours to South America?

Hugh Schulte: Yes, I love the band Os Mutantes! Also Sue Jorge is a legend.We would absolutely love to play in South America! We haven’t been lucky enough to get the opportunity yet but fingers crossed it will happen soon.


Can you list three records that you will listen to for the rest of your life and one that you would throw in the bin? 

Hugh Schulte: Five leaves left – Nick Drake; Glassworks – Philip Glass; Hunky Dory – David Bowie.

And the one I’d throw in the bin is U2 – Songs of Innocence, but my iPhone wouldn’t let me! 


And to finish, can you name your favourite Pokémon?

Hugh Schulte: Well this ones easy… Gengar!  


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Entrevista/Interview: Luis Taylor
Fotos/Photo: Luis Taylor

Luis Taylor

EU, Luis Taylor, ando escrevendo sobre musica já faz umas décadas... Desde participacões voluntárias na Revista Zero, a resenhas na Gazeta, sem falar em mais de 13 anos escrevendo para a Revista Hype. Música sempre foi meu grande amor.

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