Músico morreu ontem em sua casa aos 58 anos de idade
Por Luiz Athayde
Influenciador é uma palavra muito usada nos dias de hoje, especialmente com a palavra “digital” junto. Mas tempos antes do tempo entrar em voga, havia Daniel Johnston, um artista norte-americano natural e Sacramento, Califórnia, que fez a cabeça de tantos outros que iriam visualizar o sucesso na década de 90.
Com uma discografia composta essencialmente por cassetes iniciada em 1981 com Songs of Pain, seu reconhecimento veio em 1989 com o marcante Hi, How Are You, com direito a Kurt Cobain (Nirvana) usando uma camisa com a arte do disco até rasgar. A essa altura, Johnston era um herói para Kurt, e também para outros artistas como Beck, Wilco, Jeff Tweedy, músicos do Sonic Youth e tantos outros.
Suas constantes produções eram nítidas válvulas de escape; Daniel sofria de esquizofrenia e transtorno bipolar, algo bem documentado em Loucuras de um Gênio (The Devil and Daniel Johnston), rockumentário lançado em 2006. Sem mencionar a sua origem, de família religiosa e, ainda novo, tendo experimentado LSD pela primeira vez, deixando sua cabeça cada vez mais em parafuso nos anos seguintes.
Dos surtos, cano na cara de um amigo, recusa de um contrato com o mega carimbo Elektra, por acreditar que o Metallica (que faz parte do cast) era uma banda satanista e queria ver ele morto, até um avião monomotor desligado em pleno vôo. Apesar do episódio com a gravadora, o músico assinou com a Atlantic, que durou até 1996. Ainda assim, continuou colaborando com nomes de peso do cenário alternativo, e assinando em 2004 o próprio tributo The Great Late Great Daniel Johnston: Discovered Covered, com emergentes e já estabelecidos nomes do cenário alternativo como Tom Waits, Death Cab for Cutie, Beck, TV on the Radio e outros tocando suas canções.
Já com a saúde debilitada, pisou em solo brasileiro em 2013 aos 52 anos de idade, pata show na Rua Augusta. Daniel Johnston morreu em casa na cidade de Austin, Texas, vítima de ataque cardíaco, deixando uma infinidade de registros sônicos e tendo inspirado tantos artistas que passam dos punhados – alguns, talvez, sequer teriam exististido ou se estabelecido com tais, caso não fosse o seu escapismo movido pelo “faça você mesmo”.