Registro traz referências clássicas da própria discografia da banda, em meio a novas nuances, ora sutis, ora explícitas
Por Luiz Athayde
Os maiores representantes da esfera gothic/black metal, Cradle of Filth, estão de volta com mais um trabalho na praça. Existence Is Futile configura o décimo terceiro álbum de estúdio da banda inglesa de Suffolk, chegando 4 anos depois de Cryptoriana – The Seductiveness of Decay e, já vale enfatizar: mais inspirado.
Há longos anos, o vocalista Dani Filth lidera o grupo também conhecido por sua inúmera troca de integrantes – sendo a mais recente justamente esse ano, com a entrada de Anabelle Iratni no teclados, no lugar de Lindsay Schoolcraft –, mas como força criativa maior, isso em pouco acabou interferindo na sonoridade ao longo dos lançamentos.
Por esse mesmo motivo, Filth se valeu do salvo conduto de, vez ou outra, revisitar sua discografia, mesmo que de maneira inconsciente; o novo registro faz um mergulho rápido, mas profundo na década de 90, ou seja, no seus tempos áureos, da mesma maneira que mira no futuro. Ou, o que dizer de “Existential Terror”, apresentando uma fantástica abordagem progressiva sem perder o dinamismo que os catapultaram para o estrelato?
“Crawling King Chaos” é outra faixa que pega o ouvinte logo de cara, por remeter a potência thrash da época de Midian (2000). Na verdade, ela soa exatamente como se tivesse saído daquele disco. Já para quem sente saudades do clássico Cruelty And The Beast, de 1998 – que inclusive recebeu uma reedição mais que justa em 2019 com uma nova mixagem –, pode ir sem medo na “Black Smoke Curling from the Lips of War”, candidata a um dos grandes momentos na discografia da banda.
Além dos tradicionais momentos góticos/sinfônicos regados a muita velocidade, há passagens mais intricadas aqui e acolá, meio que trazendo um ar de novidade ante ao que foi feito até aqui.
Outro destaque do registro é a produção extremamente coesa, encorpada e em praticamente nada se parecendo com o status quo metálico. Em outras palavras, passando longe dos discos assinados pelo produtor sueco Jens Bogren. Quem comandou os botões do play foi o britânico Scott Atkins, um velho conhecido da banda.
Em suma, a sensação de ouvir Existence Is Futile não é de nostalgia, mas sim de continuação. Por esse mesmo motivo, agrada tanto antigos quanto novos fãs. Agora, aos que passaram a vida toda torcendo o nariz para eles por uma simples questão estética, resta apenas o lamento por perder um dos melhores lançamentos desse estilo – sim, black metal – de 2021.
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