Estreia do grupo norte-americano liderado pelo vocalista Rozz Williams já nasceu marcado para polemizar
Por Luiz Athayde
Hoje, um dos álbuns mais influentes da esfera gótica faz aniversário. O ano era 1982 e a banda californiana Christian Death fazia sua estreia discográfica com Only Theatre Of Pain.
Na verdade, muito mais que isso. Liderado por Roger Alan Painter, ou melhor, o vocalista Rozz Williams (06/11/1963 – 01/04/1998), o grupo formado na cidade de Los Angeles, em 1979, já havia passado por outras formações através de nomes prévios que não deram muito certo.
No entanto, em 1982, se “consolidava”, com muitas aspas, claro, com o guitarrista Rick Agnew (dos Adolescents), o baixista James McGearty e o baterista George Belanger.
A produção levou a assinatura de Thom Wilson. Suas credenciais parciais incluem nomes como T.S.O.L. (Dance With Me, de 1981), The Adolescents (autointitulado de 1981) e até mesmo do duo folk Seals and Crofts (Takin’ It Easy, lançado em 1978).
O teatro da dor dos californianos chegou envolto a temas mórbidos recheados de escatologia, além de ter causado muito rebuliço na época. Aclamado pela crítica, o disco foi considerado uma espécie de prenúncio do que viria a ser chamado de “deathrock”, embora a primeira apresentação deles tenha sido no final dos anos 70 com o já formado 45 Grave, progenitores diretos desse subgênero.
Veículos como a Melody Maker chamaram de “o álbum gótico que supera todos os outros”, enquanto que a The A.V. Club foi mais a fundo, escrevendo que “ninguém havia exemplificado o subgênero nascente [rock gótico] com tanta força, visão e iconoclastia”, definindo o registro dos norte-americanos como “uma obra-prima depravada”.
Mas, juntamente com a atenção da mídia, os desafetos. E neste caso, nada mais previsível que a comunidade religiosa cristã. Na época, um apresentador desses programas cristãos fez um especial sobre influências satânicas na música, e quebrou uma cópia do álbum no ar. Sem mencionar grupos de protestantes que queimavam discos da banda fora dos shows e conseguindo, inclusive, que eles fossem banidos em certos locais.
Também, pudera: além das letras e da música suja e agressiva, os shows do Christian Death se tornavam cada vez mais elaborados, tendo Williams por vezes se apresentando com vestido de noiva ou encenando a crucificação de Cristo.
A estreia discográfica de Rozz e cia saiu pelo carimbo Frontier Records somente em vinil, sendo licenciado para territórios como França, Reino Unido e Alemanha, também em LP nos anos seguintes.
Das inúmeras reedições, a mais recente (e oficial) saiu em vinil test pressing; remasterizado e com selo branco, também via Frontier.
Ainda:
+ Os backing vocals são creditados ao artista performático Ron Athey e a Eva Ortiz, mais conhecida como ‘Eva O’, que posteriormente, já casada com Rozz Williams, formaria o Shadow Project
+ A arte da capa de Only Theatre Of Pain foi feita a mão por Rozz Williams.