Entre Bowie e Stooges, os morcegos alternativos davam continuidade, em menor escala, aos seus experimentos sônicos
Por Luiz Athayde
O terceiro álbum dos ingleses do Bauhaus já abre com um cover do Brian Eno. Em uma pegada que mais parece um reprocessamento dos Stooges, “Third Uncle” mostrava que a banda se voltava para uma sonoridade mais reta, simples e direta.
Ledo engano. Nas faixas seguintes (“Silent Hedges”, “In the Night”, “Swing the Heartache”, citando algumas), o ouvinte já percebia que a veia alternativa estava intacta. Aliás, o reggae gótico “Exquisite Corpse” que o diga.
Gravado em algum momento do ano de 1982 nos estúdios Rockfield, Mon Beck e BBC Maida Vale Studio 4 em Londres, The Sky’s Gone Out contou com assinatura da própria banda. Seu lançamento foi pelo seminal carimbo Beggars Banquet.
Embora não seja um marco como seu álbum anterior, Mask (1981), sua receptividade rendeu notas como o do AllMusic, que escreveu:
“Em suma, é um álbum muito bom, mas ao contrário de Mask, ele perde a infusão de uma energia mais positiva, e simplesmente não se encaixa perfeitamente, sendo mais notável para músicas individuais do que como um todo”.
Em contrapartida, o álbum figura como favorito na Alternative Press, elegendo The Sky’s Gone Out como um dos 10 álbuns góticos essenciais para se ouvir. Além do Record Collector, dando 3 de 5 estrelas para o registro de Peter Murphy e cia.
Seu lançamento naturalmente ocorreu em vários países, porém, o disco só foi licenciado no Brasil em 1998 pela Roadrunner. No caso, pela edição remasterizada em CD com os bônus: “Ziggy Stardust” (David Bowie), “Party of the First Part”, “Spirit” e “Watch That Grandad Go”.
Ainda há uma outra pela Beggars Banquet com as mesmas faixas, mas sem procedência de data.
Melhor disco ou não, The Sky’s Gone Out mostra Peter Murphy, Daniel Ash, Kevin Haskins e David J coesos como sempre, e ainda servindo como mais um belo cartão de visitas aos que anseiam por adentrar em terrenos obscuros – e alternativos.