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All My Thorns – Further From The Distant Sun

Álbum de estreia mostra o vigor de uma banda nova, e a experiência de seus integrantes

Por Luiz Athayde

A banda britânica de rock (e põe rock nisso) gótico All My Thorns estreou com o álbum Further From The Distant Sun, nas plataformas digitais e também no formato físico.

Sua gênese data de algum momento da pandemia do Covid-19, em Preston, quando o vocalista e mentor Drew Freeman teve seu caminho novamente cruzado com o baixista Korv Sutch. E não foi para retomar a banda que ambos haviam formado lá no começo dos anos 90, o In Soma Dawn.

Drew Freeman em ação com o All My Thorns. (Foto: Reprodução/Facebook)

Nesse espaço de tempo, Freeman ainda tentou formar um novo grupo, Sometime the Wolf, mas a mesma pandemia foi responsável para o término. Não obstante, o vocalista migrou para a Alemanha, a fim de tentar comandar o microfone da banda Sweet Ermengarde.

Bom, nada ainda. Embora ele, juntamente com Korvin, já tivesse músicas prontas para seu novo e mais sólido projeto até então. E é aí que entram Pete Fey (guitarra) e Mark Commons (bateria) para fechar o line-up. Aliás, o álbum foi gravado no estúdio de Fey, e leva mixagem e masterização, respectivamente, assinados por Steve Carey e Gordon Young.

O registro apresenta oito faixas, com temas variando entre religião – cortesia do passado de Freeman como aluno de ensino religioso – e o mundo que nos cerca em geral. Porém, musicalmente é sob um prisma impossível de esconder: Fields of the Nephilim.

Às vezes parece que estamos ouvindo uma continuação mais dinâmica e assertiva do que Carl McCoy fez nos últimos discos. Em outras, uma banda que busca seu próprio DNA em projeções mais metálicas – e igualmente elaboradas.

O clima de suspense dá o tom em “Messiah”, faixa que abre o trabalho. É apenas a introdução para uma composição onde o groove é o “x” da questão enquanto Freeman (à la McCoy) entoa a letra. Melhor maneira de começar uma audição não há.

Em “Enlighten Me”, a vez é do clima, da atmosfera quase etérea que ela provém até crescer como uma power ballad. Mas não se engane: o papo aqui é melancolia, e das mais pesadas.

Por outro lado, “Every Corner Light” mostra a veia mais direta da banda, ou o lado mais rockeiro da formação gótica. Ao mesmo tempo, esta soa como um elo perdido entre Fields of the Nephilim e qualquer coisa feita pelo Iron Maiden a partir dos anos 90. Acredite, o resultado ficou fantástico.

“Deception – Three Year Reign” se relaciona com algo mais contemporâneo, e traz um belo arranjo de piano e passagens intricadas que vão desde um aceno à Bauhaus ao spin-off de Fields, o Nefilim. Uma das faixas mais sombrias e pesadas do álbum.

E por falar em ‘mais’, um dos pontos altos chega na “Earth Woman”, por carregar uma introdução extremamente envolvente e revelar tons mais melódicos (e menos roucos) da voz de Freeman. Desta vez, o All My Thorns resolveu beber na mesma fonte que a turma de Stevenage (Fields). Leia-se: The Doors e Pink Floyd, mas com uma roupagem própria.

Na faixa seguinte, a maior conexão acaba sendo com o baixista Tony Pettitt por motivos óbvios. “Dreamscape” soa como uma espécie de b-side de Fallen (disco do Fields de 2002), só que mais conciso e maravilhosamente cativante. Grande faixa.


A pegada viajante toma as rédeas novamente com a longa e celestial “White Moth”. É o tipo de música feita para te desprender de qualquer análise e, de certa forma, também prepara o terreno para o encerramento, “Sirius – Further From The Distant Sun”. Aqui, Freeman supostamente canta uma crônica envolvendo a morte do sol e dos planetas ao seu redor. No entanto, “é sobre a visão que as pessoas têm das coisas que fizemos com a Terra”, revelou o vocalista recentemente à revista alemã Sonic Seducer.

Uma das coisas mais legais de ouvir álbuns como esse, é o poder da honestidade em não querer inventar a roda. Pegue suas maiores influências e faça o melhor que puder de forma autoral. E é exatamente essa a impressão ao ouvir a estreia discográfica do All My Thorns.

Disco brilhante como um registro da órbita do Fields of the Nephilim; peça mais que recomendada para quem ama um rock gótico vigoroso, mas sobretudo feito por quem está há um bom tempo nesse tipo de jogo.

E vem mais por aí:

+ Recentemente a banda anunciou a chegada de John ‘Capachino’ Carter, ex-Fields of the Nephilim, a bordo. Segundo Drew Freeman, a banda já está planejando o segundo álbum.

Ouça Further From The Distant Sun pelo Bandcamp, ou abaixo, no Spotify:

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