Continuação natural do álbum anterior se apresenta mais melodioso e não menos sombrio
Por Luiz Athayde
Em suas redes sociais, o baterista Faust apresentou Naa skrider natten sort (ou “Agora a noite segue negra”), o oitavo disco do Djevel, da seguinte maneira: “É aquela época do ano outra vez. Por aqui é só amarrar os sapatos de caminhada e perder-se no campo por uma hora ou diminuir a luz em casa, encontrar o vinho tinto e afundar-se no Universo do Djevel. ”
Pouco mais de um ano separam este novo registro e o último, também editado pelo carimbo Aftermath Music. As diferenças também são poucas, e isso se explica pelo simples fato de se tratar de uma sucessão natural de Tanker som rir natten, tanto musicalmente quanto no que diz respeito aos temas.
O line-up segue sólido como nunca, apresentando, além do lendário baterista do Emperor (e tantas outras bandas), o guitarrista e fundador Trånn Ciekals, assim como o vocalista Kvitrim, integrado ao grupo desde 2020.
Desta vez a quantidade de faixas veio diminuída, ao contrário da duração das mesmas, e da carga de obscuridade, melancolia e da marca gélida que fez o black metal norueguês um produto de exportação. O degelo havia começado com “Kronet av en væpnet haand” seguido por “I daudens dimme natt”, de certa forma, sintetizando como viria o trabalho em si.
A produção é novamente assinada por Ruben Willem, especialmente na mixagem e masterização, facilmente notada logo nos primeiros segundos desta 1 hora de duração. Ainda assim, novas nuances são percebidas com encaixadas com uma destreza fora de série, assim como as melodias, mais acentuadas à densidade das composições.
E logo adianto: destaque absoluto para “Mitt tempel av stierner og brennende maaner” (“Meu templo de estrelas e luas ardentes”), por caracterizar o que foi dito acima. Os elementos acústicos também serviram para deixar o álbum ainda mais sombrio, com uma atmosfera que por vezes se aproxima do doom metal, pela maneira arrastada que discorre.
Dito isso (precisa mais?), Naa skrider natten sort vale a experiência por fotografar a alma de um estilo que começou como revolta, entrou para o mercado e, anos depois, se ramificou entre os que não veem problema em ganhar dinheiro com isso, e os que o fazem por pura e simplesmente vontade de expor sua negatividade convertida em arte. Mais um belo disco dos Diabos de Oslo.
Ouça na íntegra pelo Youtube, ou abaixo no Spotify:
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