Indie pop/rock da terra dos mil lagos e bandas de heavy metal
Por Luiz Athayde
Acho que ainda hoje em 2021 é válido dizer que nem tudo que vem da Finlândia no âmbito musical, é heavy metal. Apesar de ser o grande forte daquele gélido país em todos os sentidos.
Em fevereiro de 2010, cinco garotos de Helsinki se juntaram ao mar flat de bandas pós-Strokes e os subsequentes “The” isso e aquilo para formar uma das bandas mais legais daquele perímetro: French Films.
A ignição foi dada pelo vocalista e guitarrista Johannes Leppänen e o batera Antti Inkiläinen, que já tocavam juntos em uma banda chamada Yes Please!, com o baixista Mikael Jurmu.
Optando por uma nova formação e um novo nome, de forma ocasional, como quase sempre acontece, Leppänen conhece o guitarrista Joni Kähkönen em um pub local, que na sequência introduz o tecladista Santtu Vainio para fechar os cinco.
A nova alcunha do grupo surgiu em um papo entre Kähkönen eLeppänen sobre filmes franceses, mas o principal mesmo era entrar em estúdio e ver no que daria juntar as paixões individuais pelo rock dos anos 60, punk rock e o pós-punk.
Começam com o EP The Golden Sea, editadopelo carimbo finlandês GAEA. Ouvindo você percebe que as composições são boas, mas estava claro que o melhor viria logo adiante.
E veio. Imaginary Future é o título do primeiro disco cheio dos caras, e também o cartão de visitas para fora das fronteiras finlandesas; Europa, Japão e Estados Unidos. E isso graças a músicas como “Pretty in Decadence”, por seu apelo dançante e refrão tão grudento quanto as canções pop sessentistas , e a grande faixa do disco, “You Don’t Know”; Ramones dos anos 80 coloca os Beach Boys no turbo.
Aliás, a fase oitenta da banda nova-iorquina é uma constante aqui. Vide “Convict” e principalmente “Up the Hill”, que em alguns momentos você jura que está ouvindo “Howling at the Moon (Sha-La-La)”.
Mas as lado b não ficam nada atrás. “New Zealand” ecoa sons de um Talking Heads em estado de ebulição, e também temos (bom eles têm) “Living Fortress”, com uma pegada remetida às bandas de Liverpool, com vocais marcantes e uns loops (?) viciantes de teclado.
Em suma, não é um disco para gastar horas teorizando e sim para ouvir, curtir e, se a empolgação persistir, vale como playlist de uma festa imaginária (caso você esteja esteja tentando se cuidar nessa pandemia), já que o “futuro”, ao menos por agora, não passa de “imaginário”. Você precisa ouvir Imaginary Future.
Ouça o álbum no Spotify.