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Troll – Trolldom

Banda veterana do black metal norueguês volta à sua melhor forma

Por Luiz Athayde

O Troll está de volta. Um dos nomes mais cult do verdadeiro black metal norueguês lançou Trolldom, seu primeiro álbum em 13 anos, via carimbo Polypus Records.

Esse acontecimento só não é mais surpreendente do que uma possível reunião do Covenant (posteriormente The Kovenant), mas aí são outras ideias.

De qualquer maneira, esta feita não poderia ter vindo em melhor hora. Nunca se viu tantas bandas novas surgirem sob tal etiqueta (black metal) e com tantas abordagens e temas diferentes. Por isso mesmo, o básico, hoje clássico, naturalmente toma seu lugar de destaque.

A banda em Hamar, na classe de 1992, pela mente do multi-instrumentista e ganhador do Grammy norueguês Stian André Arnesen, mais conhecido como Nagash.

Troll (Foto: Ksenia Hinderson)

Sua trajetória nessa esfera musical ganhou mais holofotes graças a curta, mas significativa passagem pelo Dimmu Borgir (1996-1999), em especial por ter registrado o clássico Enthrone Darkness Triumphant (1997). Além do já citado supergrupo Covenant, composto por membros das principais bandas daquela cena.

No entanto, Troll é realmente sua primeira cria. Na época ele tinha apenas 14 anos, e tratava-se de um projeto. Em 1995 saiu a primeira demo, Trollstorm over Nidingjuv, que dada as altas temperaturas no cenário – inclusive pelos assassinatos e queima de igrejas –, rendeu boa repercussão.

Porém, foi com o debut Drep de kristine (1996) que o status de cult tomou forma. Black Metal com ares sinfônicos, feitos de forma rudimentar pelos teclados. Eis mais um nome de peso em uma safra que entraria para a história da música.

Os anos passaram e mais discos surgiram; dessa vez alinhados ao Zeitgest sônico movido a influências industriais. Culpa de nomes como Ministry, Nine Inch Nails, Marilyn Manson e Rammstein, que fizeram a cabeça de muita gente do metal extremo.

Depois de Neo-Satanic Supremacy (2010), o hiato foi grande, porém, serviu (e bem) para Nagash se reconectar com os primeiros dias. Há alguns anos ele conta com o guitarrista Tlaloc e o baixista Sturt. Aliás, este também foi responsável por gravar o disco entre 2014 e 2022 no Evil Octopus Studio, enquanto os trabalhos de mixagem e masterização ficaram a cargo de Florian “Alboîn” Dammasch (Eïs, Minas Morgul).

Exceto pela faixa 5, gravada por Cristoffer Kikken Risbakk (Bye The Sunn, Forcefed Horsehead), a bateria é assinada por Nagash. Ao ouvir o álbum, nem poderia ser diferente, já que esse instrumento é um componente importante na marca da banda.

Não à toa, é logo na primeira que eles mostram a que vieram. “To the Shadows” une a sonoridade icônica da banda, com resquícios das ambiências espaciais dos últimos discos e também do próprio Kovenant.


Curiosamente, “Dominus Infernus” se conecta com o que …and Oceans fez justamente na sua fase industrial. Entretanto, trata-se apenas de uma grata coincidência.

Lembre-se que no fim dos anos 90, praticamente todo mundo embarcou em uma onda futurista, inclusive com ótimos resultados. E “Angerboda” parece querer remeter novamente àquele período quando surge a intro dos teclados. Entretanto, o mote é ser gélido e veloz, como em 1995.

Quando se fala na escola norueguesa de sons extremos, também deve-se mencionar a pegada dinâmica de composições como “Ancient Fire”. Há tudo ali: clima, cadência e velocidade. Nada que um bom trabalho de bateria não faça. Fantástica.

“The Soil Runs Red” segue a linha tradicional do estilo e, consequentemente, do Troll. Entretanto, às vezes ela soa como se fosse feita para o álbum Universal (2001), mas retrabalhada. Uma das mais pesadas desse play.

Um dos pontos altos está em “The Beast”; faixa speed e ao mesmo experimental. Algo como se Destruction resolvesse se meter a space rock. Sem dúvida, outro ponto alto. “He Who Dwells” encerra mantendo o time que está ganhando, sem maiores surpresas, no melhor dos sentidos.

Traduzindo para o português brasileiro, Trolldom significa magia, feitiçaria. Embora o título remeta ao folclore escandinavo, o efeito causado a quem ouve é imediato. Obviamente, aos familiarizados.

Não é aquele disco que irá angariar novos devotos para o estilo, mas endossa aquela safra noventista como uma das mais vorazes na esfera metálica. Em suma, sensacional. Espero que não demorem mais uma década para lançarem outro.

Ouça o álbum na íntegra pelo Bandcamp, Deezer, ou a seguir:

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