Era o ano do rock gótico adentrar em terrenos mais populares
Por Luiz Athayde
Neste dia, na classe de 1987, The Sisters of Mercy lançava o que para muitos é o seu melhor álbum. Preferências à parte, o fato é que Floodland foi o disco propulsor para a música pop, mas ao jeito Andrew Eldritch.
A produção leva a assinatura do próprio juntamente com Larry Alexander e Jim Steinman (Meat Loaf, Bonnie Tyler, Cher e outros).
O segundo registro da banda também contava com nova formação. Além de Eldritch e o “baterista” Doktor Avalanche, quem assumiu o baixo no lugar de Craig Adams (àquela altura desfrutando do sucesso no The Mission com Wayne Hussey) foi a ex-The Gun Club e Sisterhood Patricia Morrison. Embora sua composição fosse mais estética do que propriamente como baixista.
Ela até aparece nas fotos junto com o vocalista na capa e no encarte fotografado por Alistair Thain e Mike Owen. Porém, Eldritch chegou a afirmar posteriormente que Morrison não contribuiu para a composição das músicas, dizendo que o álbum era praticamente um disco solo.
Não bastasse isso, ele insinuou que ela sofria de bloqueio criativo e não conseguia ter muitas ideias musicais, acrescentando também que “não conseguia nem mesmo fazer com que ela pegasse o baixo para começar.”
De qualquer maneira, o álbum rendeu os singles: “This Corrosion” (setembro de 1987), “Dominion” (fevereiro de 1988), “1959” (especial para as rádios, 1988) e “Lucretia My Reflection” (junho de 1988). Ainda assim, nenhum desses foi motivo para Eldrith cair na estrada. Diferente do line-up anterior.
No entanto, Floodland foi bem nas paradas de vendas: 9º lugar em sua estreia no Reino Unido, ganhando disco de ouro (por 100 mil cópias); e figurando o Top 40 em vários países europeus. Graças a sua pegada extremamente pop, “This Corrosion” alcançou o 7º lugar nas paradas de singles.
No âmbito dos licenciamentos, lançamento mundial incluindo o Brasil em 1988 pelo carimbo WEA. A primeira prensagem em CD saiu nos Estados Unidos pela Elektra, e contém duas faixas bônus: “Torch” e “Colours”.
Essa última foi extraída de um projeto, que inclusive merece um parênteses: Andrew Eldrith vs Wayne Hussey e Craig Adams.
Mesmo com os dois ainda fazendo parte do The Sisters of Mercy, os desentendimentos eram severos. Em 1986, Craig e Wayne pularam fora e começaram a tocar juntos sob o nome de The Sisterhood. Irritadíssimo – adicione farpas na imprensa e briga judicial –, Eldritch correu na frente e registrou o nome.
Na sequência, ele contacta Alan Vega (ele mesmo, do Suicide), Lucas Fox, Morrison, James Ray (James Rays Gangwar) e claro, seu melhor amigo, Doktor Avalanche, e registra Gift. Mas devido ao fracasso de vendas e as severas críticas proferidas ao álbum, Eldritch resolve “reativar” o nome que lhe deu fama. E assim seguiu em frente, já que seu objetivo real era apenas provocar os ex-companheiros de banda.
O resultado disso foi que os fãs tiveram a psicodelia gótica do The Mission de um lado, e do outro, The Sisters of Mercy deixava um clássico instantâneo com direito a sucesso de público e crítica. Vide as notas altas em veículos como Rolling Stone (3 de 5), AllMusic (4,5 de 5) e The Village Voice (7 de 10).