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The Porcelain Blister – Take Awake

Duo francês estreia repelindo qualquer um que espere músicas convencionais ou dançantes

Por Luiz Athayde

Nem só de sons retilíneos e uniformemente militares vive o pós-punk. Vindo de terras francesas então, é quase uma certeza que virá algo no mínimo… experimental. Ou, como dizem, avant garde.

Foto: Divulgação

The Porcelain Blister é isso e mais um pouco. A começar pela união amorosa, em todos os sentidos, dos jovens Vince Moone e Livia Stéfanski, que resultou recentemente no seu primeiro filho, chamado Take Awake.

É claro que para tudo existe um background. Aos 7 anos, Livia aprendeu teoria musical no Conservatório de Lille, onde teve seu primeiro contato com a guitarra. Mas não durou muito. Logo percebeu que queria fazer as coisas do seu jeito.

Aos 15, a coisa começa a tomar forma, ao expor suas composições de mote experimental no Youtube, feitas com o uso de guitarra e sintetizadores. Com isso, um selo a procura para lançar seu material, mas ela declina logo que conhece Vince. Em 2022. Pois é, estamos falando de ‘ontem’.

Moone, no entanto, vem da escola punk/hardcore, e deixou sua banda para formar este conglomerado de experimentos se colocando como vocalista e baixista, enquanto Livia assina os outros instrumentos e faz os backing vocals.

O álbum saiu agora, por carimbo independente nas plataformas digitais e é configurado em 7 faixas. Por pouco não seria um EP. Mas, mesmo se fosse, sua viagem é tão grande que por vezes soa como um disco duplo. Mas nem de longe maçante, diga-se.


Entre as conexões mais próximas, ou influências, por assim dizer, estão facilmente nomes como Bauhaus, Suicide, Placebo, Nine Inch Nails e, em uma escala reduzida, Einstürzende Neubauten. Momentos incluindo “Spin Around”, a desconcertante faixa-título e o esboço de algo palatável como “My Love, I’ll Cross Your Heart” não deixarão de causar reações. Na verdade, é impossível ouvir o disco sem sentir absolutamente nada – para o bem ou para o mal.

E neste caso, é para o bem. Sei que não existe nada mais delicioso do que ouvir canções pop sob um formato pós-punk, mas quando se cria algo desafiador, a coisa fica mais interessante. Não pelos fins, mas pela jornada do meio, descobrindo nuances; desde o spoken word às melodias estranhas; o flerte com o trip hop ao forte apelo gótico nas entrelinhas.

Em suma, Take Awake foi feito sob medida para quem deseja sair da zona de conforto. Ouça a seguir via Spotify.

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