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The Cult: neste dia, em 1987, “Electric” era lançado

Sem traços do pós-punk de outrora, grupo inglês adentrava de vez no hard rock

Por Luiz Athayde

Falar dos ingleses do The Cult até meados dos anos 90 é se referir a uma banda que vivia sob o signo da mudança; nomes, integrantes, e claro, a sonoridade. Foi esta que sofreu alterações bruscas em um curto espaço de tempo.

Em seu terceiro ano com a nova alcunha, o grupo formado das cinzas do Southern Death Cult e rupturas com bandas como Theatre of Hate e Ritual, reaparecia com um registro distante do pós-punk de outrora: Electric.

The Cult em 1987. (Foto: Divulgação/Sire Rec ords)

O terceiro lançamento da banda londrina saiu pelo carimbo Beggars Banquet, e contou com as mãos do folclórico produtor Rick Rubin. Até então, suas credenciais envolviam essencialmente artistas de rap como Beastie Boys, Run DMC e LL Cool J. Embora também haja “um” Slayer perdido (nada menos que Reign in Blood, de 1986) ali no meio.

As gravações foram realizadas no Electric Lady Studios, em Nova York, EUA, e se intercalaram com idas inspiradas a uma loja de rock na mesma rua. “Havia uma loja incrível chamada Rock and Roll Heaven do outro lado da rua. Fazíamos uma peregrinação por lá, lendo revistas antigas, pôsteres, parafernália [em geral]”, disse o vocalista Ian Astbury (via Flaming Pablum).

Ele acrescenta: “Eles tinham a árvore do Led Zeppelin, pôsteres do Rick Griffin, vinis obscuros. Era o Santo Graal desse período pelo qual estávamos apaixonados. Levávamos esses artefatos para o estúdio, como: “Veja essa foto do Jimmy Page na revista Creem de 1975!” Até mandamos fazer camisetas da Zoso.”

Já pelo primeiro single, “Love Removal Machine” (16 de fevereiro de 1987) já dava para perceber que, em relação ao seu clássico antecessor, Love (1985), a ordem era trazer o rock em seu formato mais básico, calcado em nomes estabelecidos nos anos 1970. E o AC/DC era a cereja do bolo.

Isso sem mencionar os subsequentes, “Lil’ Devil” (20 de abril de 1987) e “Wild Flower” (27 de julho de 1987). Ah, menção mais que honrosa ao cover de “Born To Be Wild”, do Steppenwolf: pesadíssimo.

Além da estreia “oficial” no hard rock, Electric também foi o primeiro álbum a contar com novo baterista; sai Nigel Preston, em função de seus excessos com drogas, entra Les Warner. Billy Duffy (guitarras) e Jamie Stewart (baixo) e Astbury seguiam firmes.

Das críticas mais notáveis, embora muitos anos depois, Mick Wall escreveu ao Classic Rock:

“Não é heavy metal (o Iron Maiden está no auge e o Metallica está prestes a superá-lo), mas o bom rock à moda antiga, do tipo que as meninas bonitas também gostam. Você sabe, sexy, cativante e, acima de tudo, c-o-o-l. Vestido com couro zoado e pintado com a maquiagem do dia seguinte. [É] Rock abraça-virilhas e sacudindo as nádegas.”

Capa do single ‘Love Removal Machine’

Quanto aos licenciamentos, Electric chegou no Brasil em LP e Cassete via carimbo Virgin Records, acompanhando o lançamento mundial. Já em CD, foi editado somente em 1997 via Beggars/Virgin.

Ainda:

+ Electric surgiu das sessões do álbum inédito Peace. O disco apresentou várias músicas gravadas nas sessões daquele registro. As faixas “Love Removal Machine”, “Wild Flower”, “Electric Ocean”, “Bad Fun” e “Outlaw” apareceram pela primeira vez no The Manor Sessions,  EP de 1988. Já “Conquistador”, “Zap City”, “Love Trooper” e “Groove Co.” foram lançadas como lados B dos singles de Electric em 1987.

+ O registro completo de Peace não foi lançado em até 2000, quando foi incluído como disco 3 do conjunto de caixas ‘Rare Cult’. Em 2013, o álbum Peace foi lançado como parte de um conjunto de dois discos ao lado de Electric, sob o título Electric Peace.

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