Compositora canadense prova que o jazz pode ser uma grande viagem não somente para quem o executa
Por Luiz Athayde
O jazz moderno com flertes eletrônicos está longe de ser uma novidade, tal qual se encontra anos luz de saturar a mente de quem respira variações dentro deste gênero musical aparentemente tão bem encaixotado, e, ao mesmo tempo, cheio de possibilidades. E foi nela (as tais possibilidades) que a musicista canadense Carrie Armitage adentrou em seu mais novo álbum, no formato quarteto, A Side.
Tendo iniciado sua carreira discográfica solo em 2010 com Mind Trips, é certo que ela não poderia imaginar que seu mais recente disco viria sob fruto de um árduo trabalho à distância; cortesia da pandemia do Covid-19, que interrompeu vários ciclos criativos, mas reacendeu tantos outros.
“Meus colegas de banda estavam bem equipados para gravar faixas em seus estúdios caseiros”, comenta a compositora de Toronto. “Distribuí os esboços de arranjos, estendendo a liberdade da energia criativa deles. Essas peças evoluíram à medida que as sessões remotas chegaram ao meu estúdio – uma coleção de ideias para explorar. Esta foi uma palete sônica nova e diferente para eu trabalhar.”
A produção do álbum é assinada por Armitage, e conta com mixagem de Anton Evans e masterização a cargo de Bob Katz. Já a banda, é formada por Brian May (guitarra), Mitch Starkman (baixo) e Gary Craig (bateria), executando 7 faixas em pouco mais de 30 minutos; algo fora do comum se tratando de registros jazzísticos.
Mas aqui a coisa vai além. A linha do tempo no que diz respeito às referências não é nem um pouco cronológica, mas se faz presente quando nos deparamos com a envolvente “Spirit’s Dance”, ou “Welcome to Wonderland”, por não saber se há um elo entre o norueguês Nils Petter e o seminal Return to Forever, ou seja, o groove é uma constante, assim como as viagens espaciais.
Mas, independente das trips ou os momentos mais intricados, o grande forte do álbum são as passagens extremamente melódicas, que se introduzem nos ouvidos de uma maneira natural, de tão cativante que ela se mostra. “Wizard’s Swil” é o melhor exemplo. E também “Angelspeake”, ao mostrar o que é jazz fusion para os mais leigos.
Em resumo, esta é a obra mais graciosa e inspirada do The Carrie Armitage Quartet. E mais do que isso, tendo em vista que somos uma mídia de indicações sônicas, A Side é uma aposta mais do que válida para uma iniciação “neste” jazz: através da mistura, da ausência de fronteiras – rótulos ou o que deve ser imposto numa composição – e sobretudo, no modo como as músicas capturam o ouvinte. Fantástico.
Ouça o álbum completo abaixo:
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