Na contramão da mesmice, ‘Terra Um’ traz uma luz espacial para o planeta progressivo
Por Luiz Athayde
Nos anos 1990, o Espírito Santo, especificamente as cidades de Vila Velha e Vitória, chegou a ter projeção nacional graças à cena hardcore que ali permeava. Do mais tosco (Mukeka Di Rato) ao mais melódico (Dead Fish – que hoje reside em São Paulo). O tempo foi passando, e o que parecia ser uma vívida cena autoral, foi tomada por bandas covers. Será?
Não ao todo. Grupos surgiram – e estão surgindo – quase na mesma proporção que as chamadas “bandas tributo”, e indo além, se profissionalizando. E no meio desse caldeirão capixaba está o quarteto instrumental Terra Convexa.
Formado em Vila Velha, no ano terráqueo de 2015, a formação é composta por Filipe Bragio (guitarras), Julio Caldeira (percussão), Raphael Grigório (baixo) e Tiago Fabri (bateria). Eles acabaram de soltar seu EP de estreia, Terra Um, via carimbo Devil’s Lab.
De mote espacial, as 4 faixas que compõem o registro vagam por influências que vão do progressivo clássico ao contemporâneo, com nuances futuristas que beiram o dark. Algo como se estivessem em um remake de uma expedição no Planeta Fantástico de René Laloux.
O cruzamento dos teclados – assinado pelo produtor Luan Albani, da Devil’s Lab – e as atividades percussivas de Julio Caldeira com o extremo peso metálico – e deveras intricado, diga-se – da cozinha, só endossam tal afirmação.
Em suma, um trabalho que esbanja feeling, criatividade e agudeza de espírito. Afinal, como eles mesmos dizem, “A Terra Convexa [é um quarteto instrumental que] busca envolver e completar o vazio da alma”.
Ouça Terra Um na íntegra pelo Bandcamp, ou abaixo, no Spotify.