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Seashore Darkcave – Synthtales [EP]

Projeto gerado no Rio de Janeiro volta menos marítimo e mais “sinteticamente cavernoso”

Por Luiz Athayde

O projeto carioca de ‘raw wave’ Seashore Darkcave está de volta com um novo trabalho via carimbo Paranoia Musique. Synthtales sucede Raw Wave Chest, editado em 2021 pelo mesmo selo, mas o curto espaço de tempo gerou mudanças gradativas na sonoridade.

Bom, nada muito distante de outrora, tendo em vista que se trata de uma evolução natural de quem tem a experimentação como estrela (do mar) guia.

Mario Mamede, do Seashore Darkcave. (Foto: Divulgação/Press)

A autoria é do baterista e produtor Mario Mamede, conhecido no subterrâneo brasileiro por integrar a Gangue Morcego. Além de sua breve, mas produtiva passagem pela banda Herzegovina.

Toda a labuta envolvendo gravação, mixagem e masterização foi realizada entre 2021 e 2023 no Períneo Telúrico, estúdio de Mamede, localizado em Maricá, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Seu tempo total sequer chega aos 20 minutos. No entanto, consegue levar o ouvinte com facilidade à graciosas viagens ao longo, ou melhor, “curto” de sete faixas.

Já em “Hexenhaus” (ou “Casa da Bruxa”), música que abre o EP, ouve-se ecos do registro anterior. Como se o autor ansiasse levar tal feitiço para além daquelas rochas no fim da praia. É também nesse cartão de visitas que a etiqueta raw wave, digamos, se explica: crua e sombria.

E põe dark na música seguinte. “Found a Doll at the Beach and Took It to the Office” é o lado mais experimental de Mamede; ainda que inconscientemente, esta remeta a um lado b de single da era inicial do Depeche Mode.

“Meow Debug” dá sequência ao conto sintético mesclando surf music com um sutil clima tech-noir. O resultado soa mais palatável sem deixar a assinatura obscura.

Em “Insomne Mare”, Mario faz uma espécie de simulação atmosférica de um encontro entre The Doors e The Cure em alto mar. Totalmente às escuras.

Mas o interessante de registros configurados como EP é justamente a liberdade para seguir o caminho desejado. E, de certa forma, “Just Adjusting” mostra isso ao flertar com o que hoje chamam de synthwave. Tão acessível quanto qualquer faixa da trilha sonora de Miami Vice.

Falando em direcionamentos, “Distance” apresenta uma pegada ambient electronic, muito mais que um mero interlúdio. Porém, não deixa de ser um prenúncio do fim, aos moldes Ulver e/ou Biosphere – duas referências nessa esfera musical.

Mal deu para respirar e o EP finda com a fantástica “The Hand”. New wave/synthpop dos grossos, como se fosse encomendada para um road movie. Entretanto, não se espante se lhe vier à cabeça a música tema da clássica série Night Rider (‘A Super Máquina’, no Brasil), composta por Stu Phillips.

De qualquer maneira, Synthtales é mais um daqueles lançamentos de nicho, com raízes no underground. O que não quer dizer que ele não mereça projeções maiores. Pelo contrário: o catálogo digital do Seashore Darkwave está a caminho do décimo ano sob uma cena assombrosamente fértil.

Independente da wave proferida, o novo play de Mario Mamede é para deixar no repeat. Ouça na íntegra a seguir:

Este post tem um comentário

  1. FridaV

    Adorei esse som viajante

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