Proximidade natural com o Cocteau Twins em um registro de baixas temperaturas costeiras
Por Luiz Athayde
Robin Guthrie novamente. Ele mesmo. Cocteau Twins e tudo mais. Inclusive, do que foi dito no ainda fresco Pearldiving (leia mais aqui), serve para este novo EP, Riviera. A distinção se mostra apenas na maior proximidade com a banda que lhe rendeu nome, mas só como, digamos, aperitivo.
As quatro faixas seguem como um deleite ambient/dreampop/trilha de sonora – de documentário sobre a vida marinha –, a exemplo de seu disco cheio, dando uma abertura maior para a bateria acústica e outras envolventes camadas sônicas, que só ele sabe criar.
Quase uma pegadinha, “Starfish Prime” abre com uma aura de composição reformulada, feita na entressafra dos álbuns Garlands (1982) e Head Over Hills (1983). Só faltou o vocal de Elizabeth Fraser. Ainda assim, já vale como uma das faixas mais legais lançadas por ele nesse ano.
Voltando as ambientações, “815” apresenta outra especialidade do compositor escocês; as nuances angelicais. “Revue” é quase sua continuação, mas com doses melancólicas mais generosas. Etérea como nunca, “The Empress” (“A Imperatriz”) encerra no mesmo mote do recado deixado por Guthrie nas redes sociais: “[Este EP é] para pessoas sofisticadas, de mente aberta e de boa aparência entre vocês”.
E para quem não é ou não se sente como tal, recomendo refinar os ouvindos com esse play de fino trato, feito sob medida para cenários como a belíssima arte da capa. Indispensável.
Ouça Riviera pelo Bandcamp, ou abaixo, no Spotify.
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