Os alemães voltaram em grande estilo, atirando para todos os lados e acertando
Por Luiz Athayde
Os alemães do Rammstein voltaram com tudo. O hiato iniciado após o lançamento de Liebe ist für alle da parece ter servido apenas para alimentar a alma sarcástica da banda. Seu autointitulado álbum Rammstein vem recheado de farpas para todos os lados (dois?).
Que o diga os vídeos das faixas “Deutschland”, e o recém-saído “Radio”. Em ambas, uma sangrenta história da Alemanha é contada, criticando duramente o período em que parte do país vivia sob o regimes ditatoriais; inclusive, são as duas primeiras faixas do álbum.
Mas não é somente a língua que está afiada. Musicalmente, a banda nunca esteve em tão boa forma; o peso e a pegada “militar” do industrial estão ali, mas com uma produção superior, incluindo os arranjos. Basta conferir a safada “Ausländer”, um dance music cachorro, de boate de quinta, mas que faz mexer até o mais harsh dos fãs.
A dramática “Puppe” traz a porção genuinamente alemã para o álbum, de deixar compatriotas como Das Ich orgulhosos. Algumas conexões diretas com os primeiros dias fizeram-se presentes, como se “Diamant” fosse uma faixa perdida de Sehnsucht, lançado em 1997. Ou ainda mais lá trás, com “Zeig Dich”, um belo reprocessamento sinfônico de “Asche zu Asche”, de seu álbum de estreia Herzeleid (1995), assim como a instigante “Tattoo”, vagando entre o Rammstein clássico e o atual.
Apesar dos tempos serem difíceis para convencer fazendo música pesada – especialmente aos que buscam coisas novas, originais – o Rammstein mais uma vez consegue agradar. Por manter a sonoridade que lhe trouxe êxito, mas lançando mão de mudanças sutis e significativas para endossar seu processo evolutivo, e por isso mesmo, é um sério candidato a melhores da classe de 2019, nem que seja em alguma categoria sônica que se preze.
Ouça o álbum na íntegra a seguir:
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