Conferimos com a falange alemã, como se deu o processo da estreia discográfica, ‘Kopf Unten’
Por Luiz Athayde
O amor pela literatura nem sempre produz escritores, mas pode originar músicos, como é o caso de um trio alemão de Stuttgart, o Phileas Fogg.
Com nome extraído no personagem homônimo de A Volta ao Mundo em 80 Dias, do escritor francês Jules Verne (também conhecido em países de língua portuguesa como Júlio Verne) a banda formada na classe de 2016 registrou sua estreia no ano seguinte, com um compilado de demos lançadas no formato digital.
Com um time composto por Andreas Mäule, Nicholas Karidis e Fabian Baumgartner (e a versão alemã de Doktor Avalanche, ou seja, bateria eletrônica), o primeiro álbum surgiu somente no fim do ano passado. Kopf, Unten teve produção assinada pela própria banda e divaga por 8 faixas repletas de páginas cantadas em alemão, que vão do darkwave ao lado mais sujo do electro e do punk, criando uma espessura sônica singular, ao menos entre bandas com origem no pós-punk.
“A criação de “Kopf, unten” é em grande parte a busca pelo nosso som único. Quando Nico e eu começamos o Phileas Fogg como um projeto paralelo, não tínhamos ideia do que deveria soar.
Então começamos a criar músicas muito antes de realmente começarmos a escrever músicas. As primeiras idéias foram uma mistura aproximada de tudo o que ouvimos nos últimos 40 anos”, disse o vocalista, guitarrista e compositor, Andreas Mäule ao Class of Sounds.
Mas o processo que levou a esse resultado não foi tão simples. A preocupação em não soar como mais uma banda foi grande, como revela Mäule abaixo.
“Leistung foi a primeira música que foi finalizada como demo e, a partir desse momento, alguém nos rotulou de pós-punk. Nós estávamos bem com isso
Com mais e mais músicas escritas, nós realmente tínhamos medo que o álbum soasse como um sampler de muitas bandas diferentes. Usamos muitos sons de guitarra diferentes para as demos.
Para unir todas as idéias, decidimos produzir o álbum por nós mesmos, o que levou bastante tempo, sangue, suor e talvez até algumas lágrimas.”
Inclusive foi a faixa que ganhou videoclipe para promover o disco. Assista:
Dentre as influências sônicas, os alemães também se permitiram absorver bandas de todas as épocas. A única regra era cantar na língua nativa; algo fora do comum nesta esfera, já que a esmagadora maioria canta em inglês.
“Para inspiração, existem duas principais… uma é a composta pelas bandas pós-punk clássicas dos anos 80 e a outra são bandas punk e pós-punk alemãs novas, como Die Nerven ou Love A.
Letras em alemão talvez ainda sejam a parte mais difícil. Tecnicamente, porque todo mundo irá notar os mínimos detalhes. Mas cantar inglês não era uma escolha para nós”, enfatizou o músico.
Que musicalmente o Phileas Fogg está longe de soar uma cópia barata de Joy Division isso é atestado ao longo do álbum, mas e liricamente, quais seriam as inspirações? Andreas responde: “Eu sempre tento encontrar as coisas em uma idéia que seja relevante para todos, independentemente de ele [da pessoa] ter 18 ou 50 anos de idade. Problemas, pessoais ou políticos, são muitas vezes muito comuns em sua essência.”
Por fim, a banda é resumida da melhor maneira possível pelo também conhecido como Andreas Määh: “Essa banda é como um filme de estrada sem roteiro. E talvez essa seja uma conexão incidental ao nome da banda, porque 80 dias ao redor do mundo [alusão ao livro de Júlio Verne], na minha opinião, é o modelo para todos os road movies do século passado.”
Ouça Kopf, Unten no Spotify:
Mais Phileas Fogg :