Entre a divisão do público e da crítica, um álbum fantástico de synthpop na esfera metálica
Por Luiz Athayde
A classe de 1999 foi a sequência de um período muito fértil no que diz respeito à criatividade no heavy metal. Especialmente com bandas influenciadas pelo gótico.
É sempre de bom grado citar gente como Tiamat (‘Skeleton Skeletron’), Moonspell (‘The Butterfly Effect’) e o reativado The Kovenant (‘Animatronic’). No entanto, a bola da vez é o britânico Paradise Lost, com o hoje querido Host.
Ele figura o sétimo registro cheio da discografia e o segundo de uma sequência que respingou até 2002. Ah, e o primeiro a sair pela gigante EMI.
Os primeiros sinais de estranhamento vieram com o álbum anterior, One Second (1997), que com uma sonoridade nova, se alternando entre o synth e o britpop.
Contudo, seu sucessor chegou abalando os padrões impostos pela base de fãs, tão conservadora quanto nos dias de hoje.
Gravado entre setembro de 1998 e fevereiro de 1999, Host passou por cinco estúdios (262, Haremere Hall, Great Linford Manor, Matrix e Masterdisk, em Nova York, onde foi masterizado) e teve produção assinada por ninguém menos que Steve Lyon.
Suas credenciais incluem trabalhos com Depeche Mode, The Cure, Recoil, Nitzer Ebb e Paul McCartney. O resultado final só serviu para aumentar ainda mais a comparação com o próprio Depeche Mode, graças ao viés melancólico das canções; aliada a uma atmosfera fria, futurista e por vezes, hipnótica.
Justamente por estar anos luz do período death/doom, seu direcionamento mercadológico não foi fácil. Vender para metaleiros ou para o público pop?
“Inicialmente, ‘Host’ teve uma boa repercussão na imprensa” lembrou o vocalista Nick Holmes em 2007 (via Blabbermouth). “A EMI trabalhou duro nesse álbum, mas eles realmente não sabiam como promovê-lo e para quem exatamente deveriam promovê-lo.”
Ele acrescenta: “Foi um álbum complicado de fazer, porque não era exatamente um disco de metal como tal. Foi realmente um pino quadrado em um buraco redondo, tanto para a gravadora quanto para nós.”
Apenas dois singles saíram das atividades promocionais, “So Much Is Lost” (26 de abril de 1999) e “Permanent Solution” (13 de setembro de 1999), uma das mais eletrônicas. Ambas ganharam videoclipe e renderam participações do grupo na TV. O formato físico do último (CD) traz remixes e versões ao vivo de músicas do álbum.
Mesmo com as críticas divididas, as vendas foram bem. As melhores posições foram na Suécia (19º lugar), Finlândia (7ª posição) e Alemanha (4º lugar).
As prensagens físicas se limitaram ao Reino Unido/Europa e Japão em CD e cassete.
Ainda:
+ Aaron Aedy faz uma raríssima aparição como guitarrista solo em “Year of Summer”.
+ Aedy, oficialmente guitarrista base, aponta Host como o álbum mais sombrio do Paradise Lost.
+ Em 2018, aproveitando a proximidade do aniversário de 20 anos de Host, a banda soltou uma edição remasterizada, inclusive em vinil, com uma nova capa esverdeada.