Banda capixaba mantém intacta sua filosofia musical calcada no black metal
Por Luiz Athayde
A banda brasileira de black metal Labyrinth Spell retornou com um novo álbum de estúdio. Walking Through the Fire saiu chancelado pelo selo alemão Fetzner Death Records e marca o quarto disco cheio da formação oriunda de Serra, Espírito Santo, de meados do ano 2000.
Da mesma forma que inúmeros grupos do subterrâneo nacional, as dificuldades para realizar trabalhos sônicos são incontáveis. Incluindo as constantes mudanças de formação.
Para esse, a assinatura é do line-up composto por: K.W.V.A. (voz), Nephal (guitarra), Pagan Warrior (guitarra), Amazarack (bateria) e Paganvs (baixo) e o tecladista convidado, Avernalis.
As gravações ocorreram durante o ano de 2022 por via independente na cidade de Serra. Já os trabalhos de mixagem e masterização ficaram a cargo de Wanax Lawageto. Em outras palavras: faça você mesmo – desde que bem feito.
E foi o que realmente aconteceu. Levando em consideração, claro, que o estilo geralmente pede pouca ou nenhuma polidez.
São nove faixas trazendo o pacote tradicional do estilo: riffs extremamente velozes e até gélidos para a usual temperatura local, e vocais odiosos (aqui mesclados às vozes limpas). Além de uma aura sombria, resultante de muito peso e abordagens melódicas, mas sobretudo envolventes.
Os mais afeiçoados ao estilo ainda encontrarão referências de nomes clássicos como Dark Funeral, assim como da cena escandinava. A exemplo do single “Mother Chaos”, o mais dinâmico do álbum.
Há também aqueles momentos mais densos. E um desses casos é melhor representado pela sintomática “Storming Rites of Madness”. Cortesia das suas alternâncias de mote épico.
Outra que merece destaque traz uma influência até distinta na esfera metálica. “Supreme Darkness” é basicamente guiada pelo prisma do antigo Paradise Lost – os álbuns ‘Gothic’ (1991), ‘Shades of God’ (1992) e ‘Icon’ (1993) são as conexões mais próximas – mas por uma veia naturalmente mais extrema.
Levantar a bandeira de uma banda por vinte e três anos não é brincadeira. Se o afunilamento for mais intenso (metal extremo > no Brasil > no Espírito Santo), e na verdade, é, a coisa beira a loucura.
Entretanto, é essa mesma insanidade que costuma ser a matéria-prima de grandes álbuns, clássicos, seminais. Ou obras isoladas, honestas e inspiradas como Walking Through the Fire.
Aliás, embora os temas discorridos sejam ocultismo, paganismo e satanismo, o título (“caminhando pelo fogo”) casa perfeitamente com os que vivenciam o underground brasileiro.
Ainda:
+ Recentemente, a banda sofreu uma nova alteração no line-up. O vocalista K.W.V.A. agora também ocupa o posto de baixista no lugar de Paganvs.
+ Juntos, os membros do Labyrinth Spell colecionam uma série de trabalhos com outras bandas como Totvm, Defacer, Catacumba, In Nomine Belialis, Wolfshade, Shadow Moon e mais.
+ A discografia do Labyrinth Spell ainda inclui as demos “The Labyrinth Spell” (2002) e “DCLI” (2010); e os álbuns: Mountains Enthroned (2013), Shadows and Dust (2017), At the Blackest Corners of Existence (2020), e o disco ao vivo Live Bestial Holocaust III, editado esse ano.
Ouça Walking Through the Fire na íntegra a seguir:
