Sucessor de ‘Catharsis’, de 2018 saiu por carimbo independente
Por Luiz Athayde
Nada como comemorar o aniversário com disco novo em folha. Hoje a cantora e compositora canadense Julie Neff completa 33 anos, mas o presenteado é o ouvinte, com seu novo EP Over It.
Embora jovem, sua vivência não se limita a Toronto; dos países que ela já morou ou simplesmente teve uma breve passagem, estão Dinamarca, Suécia, Portugal, França, Argentina, Chile e até mesmo o Brasil, especificamente a cidade de São Paulo, do qual fez conexões afetivas e musicais. E o novo trabalho é fruto de sua residência por esses lados, que só não foi maior devido a pandemia da Covid-19.
O play estendido foi gravado no Canadá no ano de 2019, e teve mixagem e masterização a cargo de Bradley McClure, exceto pela faixa “A Lot Left To Learn”, que foi assinada por Tiz McNamara. E ainda sobre Terra Brasilis, a capa leva as assinaturas de Larissa Lisboa e Mayra Soares, da SoLi Girls.
Composto por 6 músicas, Over It é um registro de contrastes. Musicalmente, o tom é suave, mas com ensaios que rementem a um quase áspero rock alternativo. Liricamente, o mote é se manter de pé, e não necessariamente por causa da atual situação pandêmica, e sim da vida em geral.
A “caliente” faixa título que o diga com seu recado bem na cara: “siga em frente”. Logo na sequência vem a belíssima “Those Dreams Master” com todo seu poderio melódico – cortesia do flerte assertivo com o reggae. É aquele tipo de som que te pega logo nos primeiros segundos. Não bastasse isso, ainda rola um tempero especial proporcionado pelo rapper ugandês radicado no Canadá 3-Card.
“Swagger” é mais direta, com o baixo ditando as regras; apelo pop com um delicioso vibrato amplamente conhecido pelas mãos de David Gilmour. Em contrapartida “Siren Call” mostra algumas de suas influências mais fortes, como Stevie Nicks, Feist e Florence Welch (Florence + Machine).
O pop, o blues e o R&B são as palavras de ordem na potente “What Am I Doing This For?”, que mais parece ter saído diretamente dos anos 90, embora sua temática seja atemporal. “A música aborda apenas algumas das situações diferenciadas em que nos encontramos, nas quais a desigualdade ainda é abundante”, diz a artista, que está mais para cidadã do mundo. “E como aqueles que têm o poder muitas vezes não estão dispostos a compartilhá-lo”.
Para o encerramento, a já citada “A Lot Left To Learn”, trazendo seu lado mais íntimo, sob o prisma dos amores que não dão certo. “A pessoa pode ser doce e adorável, mas ainda poder não ser para você”, disse a artista está mais para um espírito livre, especialmente no que diz respeito a música.
Over It foi divulgado como um EP, mas chega na classe de 2021 demonstrando status de disco cheio. Embora as faixas sigam o padrão dos 3, 4 minutos de duração, as variação de climas entre as mesmas denota algo maior e tão prazeroso quanto; mesmo com o mercado estando para lá de saturado com esse tipo de abordagem.
Belo trabalho, digno de bons “repeats” na sua plataforma digital favorita.
Ouça completo abaixo.