No ano de 1980, o marco zero dos novos garotos de Liverpool saía do forno
Por Luiz Athayde
Neste dia, na classe de 1980, a gênese discográfica do Echo & The Bunnymen apareceu sob a alcunha Crocodiles. Ele foi gravado nos estúdios Eden e Rockfield, e produzido por Bill Drummond e David Balfe.
A foto da capa tem a assinatura de Brian Griffin (Depeche Mode, Kate Bush, The Specials) e foi naturalmente inspirada nas letras da banda, que tratavam de dor, angústia, desespero e outras confusões mentais.
Foi uma das grandes novidades daquele ano, apesar do pós-punk ainda ser algo bem recente. Obscuro, encorpado e ainda assim, reto, o álbum rendeu inúmeros elogios na imprensa especializada. A exemplo da Creem e da Rolling Stone, que descreveram Crocodiles como um álbum que musicou sentimentos negativos de uma maneira única. Além de ser “provavelmente o melhor álbum britânico de 1980”, como disse Chis Salewicz em resenha para a New Music Express na época.
Nas paradas, 17º posição britânica, disco de ouro em 1984 no Reino Unido e 28º posição dos 50 maiores álbuns da década de 80 segundo a NME.
Já em 2006, número 69 dos 100 melhores álbuns de estreia, e posteriormente incluído no livro 1001 Álbuns que você precisa ouvir antes de morrer. Dali saíram apenas dois singles: o antecipado “The Pictures on My Wall” (05/05/1979) e “Rescue” (05/05/1980).
Crocodiles foi o resultado de três anos de banda, quando o líder Ian McCulloch mal sabia tocar guitarra.
No entanto, como já tinha tino para compositor, recrutou Will Sergeant (guitarras) e Les Pattinson (baixo) e uma bateria eletrônica – irmão de Doctor Avalanche do The Sisters Of Mercy? Vai saber – e fazem seu primeiro show em 15 de novembro de 1978, no conhecido Eric’s.
As apresentações subsequentes foram fora de casa e também decisivos para a banda. No dia 20 de julho de 1979, tocam no Factory Club de Tony Wilson, em Manchester, abrindo para o The Fall. Logo depois, em 2 de agosto, com mais músicas e finalmente contando com baterista natural de Trinidad e Tobago, Pete de Freitas, foram para Tottenham Court Road abrir para o Joy Division.
Naquele show, ninguém menos que o diretor da Sire/WEA norte-americana, Seymour Stein, estava na plateia. E o óbvio: contrato assinado para lançar discos pelo selo Korova, além dos singles citados acima.
Crocodiles saiu nos Estados Unidos em dezembro de 1980, incluindo as faixas “Do It Clean” e “Read It In Books”, assim como na versão japonesa. Já no Brasil, o disco só viu a luz do dia em 1987, quando o grupo veio pela primeira vez ao país. Porém, a edição brasileira seguiu fiel à inglesa – como na maioria dos casos.
O pontapé inicial do Echo And The Bunnymen foi além do fomento do pós-punk. É que posteriormente, eles também seriam classificados como neo-psicodelia; cortesia da forte influência de falanges sessentistas como The Byrds e The Doors.
Depois deles, o tal “som de Liverpool” veio com força, vide atos como The Wild Swans, The Lotus Eaters e The Lightning Seeds; este, anos mais tarde.
Ainda:
+ Em 2003 pintou uma edição remasterizada do álbum com dez faixas bônus – oito na versão ianque.