Clima de mistério permeia por todo o registro, influenciado pelos ases do pós-punk oitentista
Por Luiz Athayde
Estreia em dose dupla no subterrâneo brasileiro. O artista mineiro, Adriano Bermudes, ou apenas Bê, acaba de soltar seu primeiro álbum solo. Autointitulado, o registro chega sob chancela do agora carimbo Plainsong.Records, do Rio de Janeiro.
A criação de um selo era praticamente o que faltava dentro do universo da Plainsong, tendo em vista que a marca se mostra como um conglomerado de mídias, como rádio, blog, streaming e outros, a fim de amplificar o que vem sendo feito tanto no perímetro nacional do sons alternativos de, digamos, orientação mais obscura, quanto internacional.
O vocalista conhecido por trabalhos a frente do Drowned Men, bem como outros projetos, foi uma escolha óbvia: sua força motriz é o pós-punk/gótico da década de 80 (a que época seria?), como The Cure, Joy Division, Siouxsie and The Banshees, Bauhaus e outras falanges mais alternativas, a exemplo de The Smiths e The Jesus and Mary Chain. Além de trazer consigo referências do que consome fora da música.
As composições foram registradas no Estúdio Neuma Belo Horizonte, e para casar com a atmosfera das mesmas, ou seja, de mistério, apreensão e desesperança, a arte é assinada por Armando Louder (Plainsong e voz no ato darkwave, Poëtka), onde faz uma sutil conexão com o clássico Pornography, da banda de Robert Smith. Aliás, a fase inicial do Cure é uma constante de “Reprises” a “Tell me”.
Destaques? Vá de “Paranoia” ou “As Mesmas Mentiras”. Embora a experiência tradicional de ouvir o disco na sequência seja a mais indicada, por ter a oportunidade de ouvir uma obra redonda e que está anos luz de querer inventar a roda. Na verdade, é uma espécie de radiografia de Bê, só que mais nítida e tão palatável quanto os “homens afogados” (Drowned Men).
Ouça na íntegra através da Plainsong, ou abaixo no Spotify.
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