Sucessor de ‘Shadow’ chega com mais vigor e uma notável sensação se urgência
Por Luiz Athayde
No universo sônico não faltam bandas com origens curiosas. E os estadunidenses do FEARING não fogem à regra.
O grupo foi criado pelos amigos, produtores e fãs de hardcore James Rogers (baixo, voz) e Brian Vega (guitarra, voz). Tempos antes, os dois eram árduos frequentadores de shows desse estilo em Reno, Estado do Nevada.
No entanto, seus caminhos só se cruzaram quando passaram a residir em Oakland, Califórnia. Foi daí que ambos decidiram criar algo a partir de dois interesses em comum: darkwave e música eletrônica.
Em 2017 saiu o primeiro EP, Life of None (esgotado), seguido por Black Sand (2018). A sequência natural disso cair na estrada com correligionários como She Wants Revenge, Soft Kill, Choir Boy e outros.
A linha do tempo ainda inclui o álbum Shadow, editado em 2020. À essa altura, claro, contando com Joey Camello (guitarra) e Mike Fenton (bateria). Sem mencionar o single split remix com o M!R!M, de agosto desse ano. Mas, o grau de evolução se mostra vigente mesmo é com o recém-lançado Destroyer.
Carimbado pela Profound Lore Records, o registro veio com nove faixas nos formatos CD, cassete e digital; todos disponíveis no Bandcamp. Claro que se tratando de pós-punk, não dá para ansiar a invenção da roda. Por outro lado, isso não é empecilho para criar ótimas canções.
Se outrora a pegada sofria sutis influências de shoegaze sob uma manta rudimentar, agora é diferente: a produção ganhou um caprichado polimento – cortesia da mixagem assinada por Chris King, e masterização a cargo de Dan Lowndes – condizente com músicas ainda gélidas, porém mais dinâmicas e com um certo frescor.
Referências? Muitas. Inevitáveis, até: The Cure antigo, The Sisters of Mercy, She Past Away e aquele aceno lo-fi conhecido por bandas (bielo) russas. Além da sensação de urgência que o disco traz. Vide a faixa de abertura, “I Was So Alive”.
Em “Finding Where You Are”, há uma simulação involuntária de um encontro entre a escola gótica de Leeds, Inglaterra, e a atual safra norte-americana. Um dos grandes momentos aqui. Embora a cereja do bolo fique mesmo para “You See Me”; climática e extremamente envolvente.
Na biografia, o FEARING se etiqueta como “dark post-punk”. Algo cada vez mais comum em novas bandas, a fim de poder transitar para a sonoridade que desejar. Entretanto, o que se ouve em Destroyer é músicas das mais sombrias, inclusive como nunca antes em sua recente, mas efervescente galeria de lançamentos.
Ouça o álbum na íntegra a seguir: