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Ariel Void – Beginning of Silence [EP]

A ordem foi criar paisagens sonoras sob a ótica alternativa

Por Luiz Athayde

Do “universo” Plastique Noir – banda cearense de pós-punk/darkwave –, o Ariel Void é certamente o que mais chama a atenção. Ao menos na esfera alternativa.

Aqui, a configuração é como duo: Danyel “Noir” Fernandes (guitarra, efeitos) e Vanessa Almeida (voz, guitarra, efeitos). E a máxima, construir paisagens sonoras partindo de seus instrumentos, e claro, influências – a inevitável cena britânica dos anos 80 e 90.

Ariel Void (Foto: Divulgação/Press)

Os cartões de visita foram os singles “Arise” e “Far Away From the Sun”, que posteriormente culminaram no EP de estreia, Beginning of Silence, editado em outubro por carimbo independente.

Nomes como Slowdive, Cocteau Twins geralmente são os primeiros a surgirem na mente quando se trata de uma banda nova de shoegaze. E é isso mesmo, não tem para onde correr. Nem deveria.

No entanto, a sonoridade também se relaciona com o que vem sendo feito atualmente, especialmente de falanges europeias. “Supernova” por exemplo, instrumental que abre este pequeno play, soa como um outtake colaborativo entre Alcest e Hypomanie, inclusive no que diz respeito a timbres.

Por outro lado, “Arise” estaciona no que Rachel Goswell e cia fizeram em Souvlaki (álbum do Slowdive); classe de 93 com direito a céu cinzento e ventos moderados na bela Jericoacoara. Embora a dupla seja de Fortaleza.

As ambiências seguem no mencionado single “Far Away From the Sun”. Essa está mais próxima do pós-punk, mas sem deixar de guiar o ouvinte por um passeio melódico que só o dreampop proporciona.

Entretanto, “Darkness” se mostra como uma variante dos primeiros EPs do Slowdive e uns respingos do que o Cure fez bem no começo da década de 80.

Já a etérea “Different Highways” fecha o registro trazendo um misto de épocas e referências. Em dado momento parece que estamos ouvindo David Bowie e Neige (Alcest) fazendo o fundo musical para Hope Sandoval (Mazzy Star) no melhor esquema banquinho, voz, violão (e uma guitarra plugada).

Melhor que isso, na verdade, só mais disso. Até porque essas variantes da música alternativa (shoegaze, ethereal wave, dreampop) não vingaram no Brasil quando tiveram seu apogeu no Hemisfério Norte. Nem mesmo anos depois.

Portanto, que venham mais nomes como Ariel Void, preferencialmente com trabalhos como esse; conciso na duração, amplo nas ambiências.

Ouça Beginning of Silence na íntegra a seguir:

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