Fase de transição da banda australiana foi marcada pela mescla do post-punk ao etéreo
Por Luiz Athayde
Neste dia, na classe de 1985, a banda australiana Dead Can Dance já passava por sua primeira fase de transição. Do pós-punk à moda Joy Division para uma sonoridade mais etérea. Ou, o também chamado neoclassical darkwave, que iria dominar uma considerável parte de sua discografia.
O nome? Spleen and Ideal, editado pelo icônico carimbo 4AD. Suas gravações ocorreram no estúdio Woodbine, na Inglaterra, entre os meses de setembro e novembro daquele mesmo ano.
A produção foi assinada por John A. Rivers. Ela se mostrou tão assertiva que iria carimbar seu nome nos excelentes discos subsequentes, Within the Realm of a Dying Sun (1987) e The Serpent’s Egg (1988).
Uma das grandes influências da banda, especialmente do núcleo criativo formado por Brendan Perry e Lisa Gerrard, são literárias. Inclusive o título está diretamente ligado a isso: “Spleen et Idéal” é uma coleção de poemas do poeta francês Charles Baudelaire, que formam uma seção de sua obra prima Les Fleurs du mal.
Perry explicou o conceito: “É o dualismo entre o ideal e a realidade da luta por esse ideal, que sempre rouba sua capacidade de existir. Tínhamos o conceito, e a fotografia simplesmente me chamou a atenção. É quase como uma Estátua da Liberdade, com a estrela representando a nação ou o ideal, mas a ponta da estrela está quebrada ou em decadência, assim como o prédio. O estilo industrial chique estava na moda na época, especialmente em Londres, onde havia muita reconstrução e regeneração e, especialmente ao nosso redor, na Ilha dos Cães.”
A arte da capa leva a assinatura do fotógrafo Colin Ray, e mostra a demolição parcial do Grain Elevator No. 2 em Salford Quays, parte de Manchester e Salford Docks.
Entre as críticas mais notáveis, vale citar o AllMusic, escrevendo que nesse registro o Dead Can Dance “mergulhou totalmente na mistura inebriante de tradições musicais que viria definir seu som e estilo para o resto de sua carreira. As afetações góticas diretas são trocadas por uma paleta sônica e gama de imaginação.”
No âmbito dos licenciamentos, Spleen and Ideal saiu em territórios como Reino Unido, Canadá, Estados Unidos, México, Japão, Alemanha, França, Rússia, Itália, Polônia, Bulgária, Países Baixos, Turquia e a então Iugoslávia.
A América do Sul ganhou edição somente na Argentina; nos formatos cassete e vinil pela DG Discos, em 1987.