Seminais da Acid House surpreenderam ao flertar com o hip-hop e o industrial
Por Luiz Athayde
Falar de acid house é falar de Manchester, e mencionar o epicentro dos clubes noturnos britânicos é, também, ratificar o 808 State; grupo diretamente responsável pela mudança nos sons de pista. Além de servir de trilha para incontáveis viagens de sintéticos.
O músico e produtor Graham Massey e cia vinham de um melódico e bem-sucedido álbum, 90, do grande hit “Pacific 202”, lançado em 1989. Agora era a vez de adicionar novas influências na sua já conhecida sonoridade hip hop, industrial com ex:el, em 1991.
Na verdade, fizeram melhor. Contaram com as participações mais que ilustres de Bernard Sumner (Joy Division, New Order) em “Spanish Heart”, e Björk, ainda no The Sugarcubes, cantando nas faixas “Qmart” e “Ooops”.
O registro foi gravado entre os meses de setembro e outubro de 1990 no Revolution Studios, e teve produção assinada pela própria banda. Embora tenham contado com Michael Hass como engenheiro de som.
Já a masterização é creditada a Aaron Chabraverty (ou Arun Chakraverty), conhecido por trabalhar com tantos nomes que daria um belo catálogo aqui. Eis alguns: Lou Reed, The Sisters of Mercy, Siouxsie & The Banshees, Roxy Music, Elton John, Rod Stewart, The Jam, Bauhaus, Simple Minds, Tygers Of Pan Tang, Madness, Soft Cell…
O terceiro álbum dos caras é considerado o primeiro grande lançamento a apresentar uma palinha do filme A Fantástica Fábrica de Chocolate (Willy Wonka & the Chocolate Factory), de 1971. A frase “we are music makers” é um dos vocais sampleados mais comuns do cenário eletrônico. E, mais importante, este é um disco pioneiro na esfera eletrônica de orientação pop por trazer convidados do cenário alternativo para estrelar seus singles.
A recepção por parte do público se monstrou nas pistas cheias. E isso inclui o lendário clube The Haçienda, do saudoso Tony Wilson, e na mídia especializada, que não economizou nas notas altas, como a Q Magazine (4/5), AllMusic (4/5) e a Record Mirror (8/10).
Fora os já tradicionais licenciamentos pela Europa, América do Norte e Japão, ex:el também saiu no Brasil, mas somente em 2002 pelo carimbo Sum Records, trazendo as 13 faixas em CD.
Em 2008 o mesmo foi reeditado em versão CD deluxe duplo e remasterizado por Massey, contendo, no disco 2, 10 remixes e faixas não lançadas, selecionadas pelo próprio, juntamente com Ian Peel.