Tamar Singer estreia projeto com novas influências à sua tradicional pegada sombria
Por Luiz Athayde
E saiu digitalmente o álbum de estreia do Zeresh, mais novo projeto de Tamar Singer, conhecida por seus trabalhos com o Autumn Tears e também Cruel Wonders e Necromishka, ao lado de seu marido. Apesar de marcado para o dia 1º de setembro, a compositora israelense disponibilizou Farewell nas plataformas digitais até sair o formato físico via carimbo 999 Cuts.
Dois singles haviam sido divulgados: “The Ways of Death” e “A Farewell”. Em palinha anterior para o Class of Sounds, ela já havia revelado um pouco sobre da concepção do álbum, dizendo ser uma junção de antigas e novas composições, sucedendo naturalmente o EP de estreia Sigh For Sigh.
Do lado lírico, referências literárias como um pano de fundo para seu mergulho na sombria Europa medieval, o que obviamente refletiu em sua sonoridade com momentos quase sorumbáticos, como a própria “The Ways of Death” e “Whitening Shade”; essa última com uma diferente pegada etérea, resultante de um “conflito” de cordas, como se alguma orquestra se preparasse para o fim.
Embora o álbum seja guiado pelo prisma do dark folk, algumas influências são facilmente percebidas, ou melhor, sentidas, como a intro “Past Existence”, navegando entre o folclórico e o industrial, abrindo caminho para a bela e sombria “The Harvest Moon”. Com algo próximo do new age em tom de passagem, “Invictus” a voz de Singer se entrelaça entre melodias acústicas finalizando em um crescendo até adentrar no clima de despedida no segundo single “A Farewell”, que inclusive merecia mais arranjos clássicos, dado o potencial nos seus longos 8 minutos.
Caminhando definitivamente para o fim, “The Lake Is Of Innisfree” (de alguma maneira rudimentar), lembra alguns dos bons momentos do Ataraxia, sem tirar o brilho da interpretação de Tamar Singer. Já os últimos momentos do disco, “Virtues” e “All Perished” é o momento mais agonizante do álbum; a primeira visualização mental são os horrores da Peste Negra, que devastou o continente europeu em sua época mais sombria, inclusive intelectualmente.
Neofolk, Neoclassical Darkwave, Darkfolk e afins são, em sua maioria, desprovidos de “análises” por ser uma música influenciada pela atemporalidade do clássico – assim como, em alguns casos, do canto gregoriano –, por isso mesmo que a nova empreitada de Tamar Singer tende a passar no famoso teste do tempo. Ou, na pior das hipóteses, figurar a galeria dos clássicos perdidos, mas devidamente achados pelos seletos entusiastas do gênero, quase como fantasmas no sempre underground universo gótico.
Pré-venda do álbum Farewell disponível neste aqui: https://zeresh.bandcamp.com/album/farewell