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Vox Lugosi traz o inverno seco do Pós Punk de Brasília, no EP “Ética Nova”

Brasília se reascendendo como importante cenário musical

Por Luiz Athayde

A corrente urbana de baixas temperaturas continua vindo da capital brasileira, Brasília. E é óbvio que me refiro à música.

Outrora o perímetro musical nacional viu os grandes Legião Urbana e Plebe Rude despontarem para a superfície, seguidos por Finis Africae (que inclusive voltaram à ativa) e o ainda mais obscuro Escola de Escândalo, do saudoso guitarrista Fejão.

Mas os tempos são outros e a única saída continua sendo a velha pegada “Do It Yourself” (faça você mesmo) através de mecanismos virtuais. Por outro lado, vivemos um remake do Zeitgeist oitentista, se é que de fato, algo mudou.

Ante isso, surge o Vox Lugosi, via carimbo Tudo Muda Music, com sua Ética Nova; pós-punk com doses letais de rock gótico, nos moldes mais clássicos do gênero.

Vox Lugosi pelas lentes de Blas Roig

Pudera: na formação, Luc Venturim (vocais), Felipe Rodríguez (guitarra), Yael Seixas (teclados), Miguel Ruffo (baixo) e Rubens Cardoso (bateria), todos oriundos de falanges calejadas de guerra, como Luiza Fria, Eixo Fantasma, Lunar Dream, Os Gatunos, Signo XIII – este vindo de uma série de singles videoclípticos – e Under the Ruins.

O prisma seguido pelo grupo reluz em nomes, como Christian Death, Joy Division, Bauhaus, Killing Joke e lista gringa interminável, mas “Luz”, a faixa que abre o disquinho nos remete de imediato aos tempos do Ethiopia, mas com uma produção melhor. Graças.

“Tela” é outra que traz uma sensação de “isso é daqui”, no melhor dos sentidos, e não apenas por cantarem em português.

Já a faixa seguinte mergulha ainda mais fundo no dark. Não por acaso, o clima aqui beira ao terror, com Luc entoando de forma assustadora que “Futuro” é agora. Em outras palavras, esperança não é algo a ser considerado.

Ironicamente circense, “Humanidade” pega o espírito do The Damned para tecer uma crônica do cotidiano de qualquer ser que tenta sobreviver na Metrópolis dos “Joh Fredersen” do mundo real. O desfecho se dá com uma fantástica pegada reta, quase punk.

A faixa título encerra o registro psicografando os fantasmas de bandas dos anos 60 –  lembrando que The Doors possui um parcela enorme de culpa no surgimento do gótico como estilo musical, ou sub –, em tom de denúncia.

O pós-punk vive seu melhor momento desde os anos 80 – ou ao menos vivia, antes da pandemia do coronavírus – e a estreia discográfica desta banda só veio para somar; além de reforçar Brasília como um celeiro artístico de relevância ímpar; vide o que já foi feito até aqui.

Ouça Ética Nova no Bandcamp.

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