Spin-off de Bakterielle Infektion presta um belo tributo autoral ao Depeche Mode
Por Luiz Athayde
Ondas minimalistas e uma grande paixão pela música eletrônica da zona temporal entre o fim da década de 70 e começo dos 80. Fad Gadget, Orchestral Manoeuvres in the Dark (OMD), Human League, Depeche Mode. Sobretudo.
É claro que não podemos esquecer Kraftwerk e seus compatriotas, mas (também) nesse projeto, o compositor e produtor alemão Roger Semsroth prioriza suas influências britânicas. Não à toa ele batizou o mesmo sob codinome que somente os fãs mais hardcore de Martin Gore e cia irão sacar. Ao menos até agora: Television Set.
Pois é, este é o título de uma das várias músicas que o Depeche Mode possui na manga e simplesmente não libera para seus seguidores; seja em formato de álbum ”full”, single ou coletânea de b-sides.
A mesma só é encontrada em um bootleg de um show feito na Holanda em 1980, uma verdadeira raridade. Pouca gente mesmo tem conhecimento disso, até por se tratar de uma era rudimentar do grupo inglês e pouco requisitada pelos ‘devotos’ mais mainstream.
E é nesta exata linha do tempo que o também mentor do Bakterielle Infektion focou para editar, em 2003, via carimbo Genetic Music, Moscow At Midnight.
É Minimal Synth em estado bruto, como se fosse extraído diretamente dos rolos de fitas de algum porão da casa de Vince Clarke.
Músicas como “I Don’t Like To Dance”, “Cold” e “Zyklotron” fazem uma verdadeira ode aos analógicos; só faltando simular os ruídos de cassete ou mesmo do vinil no intervalo de uma faixa para outra.
Ainda assim, há as mais elaboradas – dentro dos padrões já citados, claro. “Drunken Ant” soa perfeita em um set composto por gente dessa ossada, enquanto “Later”, a que encerra o registro, mais parece uma trilha de curta sci-fi de naves espaciais, dado o clima de suspense e ação que esta faixa traz. Aliás, conexões indiretas com Suicide Booth se fazem presentes.
Como não poderia faltar, Semsroth apresenta sua versão para “Television Set”. Fidedigna à original, o produtor alemão fez nada além de um favor ao reimaginar a faixa como se devidamente gravada nos dias de hoje. Só faltou a voz de Dave Gahan. Quem dera.
Você precisa ouvir Moscow At Midnight por ser um alento seguir por uma via eletrônica que, embora date dos anais do synthpop, traz a mesma juventude – resumo para “vontade”, “fervor” e afins – dos garotos Essex; com a enorme diferença, importante dizer, que está tudo na mão, pronto para reproduzir.
E como o que vale é a música em si, este é o melhor da era inicial das falanges sintetizadas feito na classe de 2003.
Ouça Moscow At Midnight no Spotify: