Dos álbuns renegados de bandas outrora seminais do cenário metálico, Host é, certamente, um dos mais impecáveis daqueles tempos.
Por Luiz Athayde
Seguido do bem aceito One Second (1997), Host, gerado ainda na turnê do disco anterior. Se mais da metade da banda já havia cortado o cabelo fora, agora todo mundo estava não somente com a cara limpa. Como o ‘look’ se encontrava mais arrojado – banho tomado. E para o terror dos fãs mais radicais, eles estavam cada vez mais distante do seu maior clássico, Draconian Times (1995), e anos-luz do Death/Doom metal praticado nos primeiros álbuns.
Agora era a vez dos teclados tomarem a frente junto aos samples, bateria eletrônica e guitarras com distorções nunca usadas dentro da banda. Sem mencionar a presença marcante dos vocais de Nick Holmes, lançando mão de uma vez por todas de linhas mais melódicas, dando de vez adeus ao antigo e o bem vindo ao novo. E com direito a contrato na major EMI.
Mas o sucesso foi relativo: foram bem na Escandinávia, apareceram em programas de TV, e continuaram tocando em festivais de heavy metal, com fãs indo na esperança de ouvir músicas antigas. Não à toa, por muito tempo foi um disco difícil de se encontrar, e os singles dessa era até hoje são raríssimos.
Ok, mas por que “você precisa ouvir”Host?
É um álbum homogêneo. O clima que permeia em músicas como “So Much is Lost” e “Nothing is Sacred” impede o ouvinte de pular faixas. Por outro lado, “Harbour” nos remete a um drama de pegada Sci-Fi. “Permanent Solution” – single e a predileta deste – possui um groove que poderia causar uma leve inveja ou certa ira ao Depeche Mode, especialmente por terem surrupiado o que a banda fez entre 1993 e 1998. Quase como um Curve pós-shoegaze, “Behind the Grey” trava um duelo entre teclados e guitarras mal distorcidas.
Em “Deep”, “Year of Summer” e no encerramento com a faixa título só faltou dizerem: “isso é synthpop e fim de papo”.
Enfim, é o disco certo, na hora certa, mas no lugar errado. Dá para dançar, viajar, mas (felizmente) não para bater cabeça. E isso duraria mais uns bons anos, mas aí são outros discos – outras resenhas.
Ainda: esse ano o sétimo disco do Paradise Lost completa seu 20º aniversário (o tempo passa). Como hoje o status do álbum é ‘cult’ e o vinil repress está em voga, a Nuclear Blast não perdeu tempo (na verdade, a ansiedade da gravadora fez adiantar o lançamento para o ano passado) e soltou um remaster de Host em vinil duplo, assim como em CD, com capa verde e sem bônus.
Ouça Host:
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