Debut do grupo finlandês veio com a finesse de suas principais influências
Por Luiz Athayde
E vamos de Trip Hop e umas coisinhas a mais. Na mesma velocidade que as atualizações nesta sessão querida. De Helsinki, Finlândia, Kemopetrol.
Lá pelo ano de 1998, dois comparsas, o guitarrista Marko Soukka e o tecladista Kalle Koivisto iniciam um projeto de mote Ambient. No ano seguinte, a vocalista Laura Närhi, o batera Teemu Nordman e o baixista Kari Myöhänen se juntam à trupe, completando a formação que gravaria o primeiro disco.
No ano seguinte o grupo deu seu pontapé inicial com o single, “Child Is My Name”, e como era de se esperar, obteve considerável sucesso local e pela Europa, já que antecipava o approach do então prometido álbum, Slowed Down.
Já em sua estreia discográfica, os finlandeses mostraram que não estavam para brincadeira. Vale lembrar que àquela altura, o Trip Hop ia muito bem, obrigado. E foi essa onda nada passageira que trouxe, dos lagos congelados, esta falange nórdica.
No decorrer do álbum, pop conciso com trip de interferências Massive Attackianas, nada fora do normal – embora, o que seria normal nesta colagem sônica? No mais, um pouco de house, doses médias de jazz e nuances eletrônicas que podem ser remetidas ao Synthpop. Para não dizer reggae; “African Air” que o diga.
Em contrapartida, “Drown Little Girl” é a faixa que quase destoa, graças a sua bela queda para o rock alternativo, como se agora o Radiohead ousasse ditar as regras.
Para não cair mais uma vez no tradicional esquema ‘faixa a faixa’, mas principalmente para não estragar a experiência sônica, irei acrescentar somente “Teeth” ao papo (?); sua cadência hipnótica foi mais um diferencial dentro do disquinho. Essa é mais uma daquelas músicas do qual recomendo fones de ouvido, assim como “Disbelief”, a faixa título, “Without Listening”… Enfim.
Slowed Down saiu em 2000 pelo carimbo local Plastinka Records, e cobriu no máximo, o território europeu e sabe-se lá. Ainda assim, dado o nível de sofisticação e polidez nas composições, e sobretudo o potencial comercial das mesmas, é de se estranhar que não tenham alcançado o mercado norte-americano. Por exemplo.
Isso sem mencionar, é claro o Brasil, já que naquele ano a MTV tupiniquim ainda gozava de atividades videoclípticas de bom gosto.
De todo modo, você precisa ouvir Slowed Down por ser um álbum que envelheceu bem, sem precisar prestar contas a Portishead e correlacionados.
Slow Info:
+ Neste mês de abril Slowed Down completou seu 20º aniversário. Para comemorar, a banda disponibilizou gratuitamente no Bandcamp, uma versão ao vivo da faixa de abertura do álbum, “Tomorrow”, gravada no lendário clube local, Tavastia, em 2004. Acesse aqui.
+ Em fevereiro de 2001 o álbum ganhou edição especial no formato CD duplo, contendo, no disco 2, remixes, faixas ao vivo e o vídeo de “Child Is My Name”.
Ouça Slowed Down no Spotify: