Celebrando o mais respeitado pianista de jazz da Escandinávia
Por Luiz Athayde
Jazz på svenska? Ja ja! (Jazz em sueco? Sim sim!), inclusive é o álbum mais vendido de toda a história do jazz daquele país, e continua sendo ouvido… lá.
É mega fato que nos anos 1960, a Dinamarca foi o epicentro do jazz na Europa, recebendo os principais nomes do gênero, especialmente, claro, dos Estados Unidos.
E foi em Copenhagen que um então multi-instrumentista, mas essencialmente pianista clássico, nascido em 16 de setembro da classe de 1931 em Söderhamn, Suécia, conhece ninguém menos que Stan Getz, na época estudando em uma universidade da cidade.
Seria a deixa para cair de cabeça no jazz, e foi mais ou menos o que aconteceu: Jan Johansson largou os estudos e se mudou para a capital dinamarquesa, ficando imerso no circuito de apresentações, tocando com vários e grandes nomes do jazz norte-americano.
Sua moral já era tanta, que foi o primeiro europeu a figurar a Jazz at the Philharmonic, um mega coletivo chancelado pelo empresário do meio, Norman Granz.
Como “leader”, assinou uma quantidade considerável de registros entre 1961 e 1968, por vezes mudando de configuração; hora trio, às vezes como banda e não menos importante, no formato duo; jazz. Jazz på svenska.
Gravado entre 28 de fevereiro de 1962 e 6 de maio de 1964, o quinto álbum de Johansson teve mais uma vez a contribuição de seu companheiro baixista Georg Riedel, mas principalmente algo inovador em relação à sua então breve discografia; a releitura de músicas tradicionais suecas em jazz.
Com arranjos extremamente esparsos e o feeling singular da música folk escandinava, o “álbum quase EP” ou “EP quase álbum” é a condensação de culturas em um registro único, como se Odin viesse à Terra e parasse em um bar de Estocolmo para ouvir um pouco do que a negrada fez naquele conturbado período de distúrbios raciais.
E é também aí que reside a sacada inconsciente – embora tenha lá minhas dúvidas, já que o sueco conviveu mais com músicos negros norte-americanos do que com sua própria esposa –, Jazz på svenska é um ato político sem gritos, violência e derramamento de sangue.
É apenas pura e simples resultante da admiração de um ás do piano aos mestres deste gênero musical que ainda hoje é associado a elite, mas aí são outras palavras, tantas que não caberiam nessa bolsa na capa do disco.
O mais importante agora é que você precisa ouvir jazz em sueco, você precisa ouvir Jazz på svenska.
Info på svenska:
+ Jan Johansson morreu no dia 9 de novembro de 1968, em um acidente de carro, a caminho de uma apresentação em uma igreja em Jönköping, Suécia. Johansson tinha apenas 37 anos.
+ A carreira de Jan Johansson também inclui produções fora de seus álbuns de estúdio, como trilhas para a rádio e televisão.
+ A faixa que abre o álbum, “Visa från Utanmyra” figurou o tema de abertura do simpático filme de 2003 ‘Salmer fra kjøkkenet’ (Histórias de Cozinha), do diretor norueguês Bent Hamer.
+ O legado de Jan Johansson foi além do jazz; seus filhos, o baterista Anders e o tecladista Jens Johansson são renomadíssimos músicos no cenário metálico, tendo bandas, como Hammerfall, Yngwie Malmsteen (solo), Stratovarius, Manowar e Rainbow no vasto currículo de ambos.
Ouça Jazz på Svenska no Spotify.