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Você Precisa Ouvir: Clannad – Atlantic Realm (1989)

Era o começo dos flertes cinematográficos dos irlandeses

Por Luiz Athayde

Por muito pouco não fiz uma lista de “melhores discos” deste gênero musical tão linear no que diz respeito à sua posição no voraz mercado musical: Ambient Music.

Mas seria de uma injustiça sem precedentes, já que, por haver inúmeros atos dignos de nota, para dizer o mínimo, e até mesmo para jogar outros na roda em um futuro próximo, irei me ater a esse que é um dos lançamentos mais significativos.

De um modo geral, ao menos em Terra Brasilis, quem ouviu falar de Clannad costuma se referir como a antiga banda de Eithne Pádraigín Ní Bhraonáin, mais conhecida como Enya.

Mas esta falange celta possui um histórico tão grande que a participação de Eithne foi apenas uma fração na linha do tempo do grupo formado em Gwedore, Irlanda, em 1970.

Clannad no fim dos anos 80 (foto: BMG/Divulgação)

Composto por Moya Brennan (vocais, harpa, teclados), Ciarán Brennan (baixo, mandolin, vocais), Pól Brennan (flauta, guitarra, percussão), Noel Duggan (guitarra, vocais) e Pádraig Duggan (guitarra, mandolin, vocais – 23/01/1949-10/08/2016), a banda lançou, entre 1973 e 1987 uma bateria de álbuns naturalmente calcados na música celta; passando do rock “quase” progressivo à gradativas inclinações gráficas para o pop, ou charmosamente conhecido como Adult Contemporary.

Se sua era inicial nos remete a nomes como o clássico Renaissance e a necessária Joni Mitchell, na década de 80 o grupo alcançaria seu sucesso comercial através do álbum Magical Ring, lançado em 1983 pelo mega carimbo RCA. O single “Theme from Harry’s Game”, lançado no ano anterior, ajudou a garantir o êxito do disco, até hoje um dos clássicos da banda.

O ponto, digamos, de virada para o pop veio em 1987, com o álbum Sirius – que inclusive merecia um texto à parte devido as participações no registro –, servindo de porta de entrada para o mergulho do grupo no universo das trilhas sonoras. E é aí que entra Atlantic Realm.

Lançado em 1989, o disco foi gravado no Windmill Lane Studios, em Dublin, Irlanda, e contou com produção assinada por Pól e Ciarán Brennan.

Embora distante da sonoridade folk dos álbuns prévios, a aura viajante se manteve intacta. Na verdade, este é um dos discos em que o casamento música + imagem mais deu certo; vide o propósito do qual o mesmo serviu. Sua música foi o pano de fundo para série da BBC The Natural World: Atlantic Realm, um documentário sobre o Oceano Atlântico.

Como toda trilha, as faixas são intituladas baseadas nas cenas/episódios do vídeo, como “Signs of Life”, “Moving Thru”, “Predator” e “Children of the Sea”, dois dos grandes momentos do registro, diga-se.

Aquática, densa, atmosférica e, ao mesmo tempo melodiosa, a música deste período específico do Clannad lhe traz na mente todas as imagens possíveis de um mundo inóspito e ainda intocado pelo homem.

Se há algum poder de convencimento aqui, digo que você precisa ouvir Atlantic Realm por ser um álbum de muitas possibilidades; todas envolvendo baixar a bola em momentos de profundo estresse em um mundo líquido, no pior dos sentidos.

Atlantic Info:

+ Os caminhos etéreos seguidos  pelos irlandeses ainda renderam pelo menos mais dois álbuns: ‘The Angel and the Soldier Boy’, trilha sonora da animação homônima de 1990, e o folk e climático ‘Anam’, de 1991.

+ Outras assinaturas em trilhas incluem filmes como ‘Coração Valente’ (“Croí Cróga”) e ‘O Último dos Moicanos’ (“I Will Find You”).

+ Enya integrou o Clannad entre 1980 e 1982, como tecladista e backing vocals, e gravou os álbuns ‘Crann Ull’ e ‘Fuaim’.

+ Em 1996 a BMG e a RCA relançaram Atlantic Realm em CD; remasterizado e contando com outra capa, um castelo à beira mar.  

Ouça Atlantic Realm no Spotify.

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