Grupo nova-iorquino voltava de seu tradicional pequeno hiato tão criativo quanto antes
Por Luiz Athayde
Em 2003, a banda nova-iorquina Type O Negative retornou de um hiato mais estendido em relação ao lançamento de seu disco de 1990, World Coming Down. A tarefa de se manterem criativos após consideráveis anos de relevância discográfica resultou no sexto álbum de estúdio, Life is Killing Me.
Comumente rotulados como Gothic Metal graças aos flertes com o estilo no clássico Bloody Kisses (1993), Peter Steele (vocais, baixo), Kenny Hickey (guitarras), Josh Silver (teclado) e Johnny Kelly (bateria) voltaram com um registro menos doom metal.
No entanto, os elementos de punk rock retornaram com força. Também, pudera: Steele é oriundo da cena hardcore, e enquanto nela, liderou o Carnivore na segunda metade dos anos 1980 e na breve turnê de reunião em 2006. Deixou dois petardos registrados para a posteridade: Carnivore (1985) e Retaliation (1987).
Esse background ainda rendeu no começo do Type O Negative. Basta ouvir o debut Slow, Deep and Hard, de 1991; claro esboço entre passado e futuro; o hardcore encontra o gótico, ainda que de maneira rudimentar.
Life is Killing Me teve produção assinada pelos amigos de infância, companheiros de cena e banda, Steele e Silver, diretamente do estúdio Systems Two, no Brooklyn, ou seja, em casa.
O tom autobiográfico das letras também seguiu como nos dois últimos álbuns. A faixa “Todd’s Ship Gods (Above All Things)” se refere ao estaleiro onde o pai de Steele trabalhou. Já “Nettie” era o apelido da mãe do vocalista.
A irônica “How Could She?” faz referência ao grande número de personagens femininas na televisão, citando nomes como Wilma Flintstone, Marcia Brady, Alice Kramden, Gladys Kravitz, Laverne and Shirley, Jeannie, Morticia Addams e outras.
Outra tradição na banda eram os covers. Dessa vez, quem recebeu versão foi o musical da Broadway Hedwig and Angry Inch, de 1998, com a música “Angry Inch”, composta por Stephen Trask.
Tanto a faixa título quanto “I Don’t Wanna Be Me”, por sinal duas das mais fortes do álbum, viraram singles, sendo a última falando sobre os desafios de mudar a aparência para atrair mulheres.
Claro que a faixa ganhou videoclipe, este mostrando o amigo e ator Dan Fogler – Animais Fantásticos (2016), Uma Noite Mais que Louca (2011), Kung Fu Panda (2008), e outros –, vestindo vários personagens, de Marilyn Monroe a Michael Jackson.
A recepção ao disco foi calorosa por parte do público e crítica, ganhando 4 de 5 estrelas no AllMusic, 8 de 10 no Chronicles of Chaos e 6 de 10 no Drowned in Sound, para citar alguns exemplos.
Nas paradas, a rapaziada do Brooklyn alcançou o 5º lugar na Finlândia e a 39ª posição na Billboard 200 ianque.
Lançamento mundial em compact disc com direito a edição dupla incluindo o Brasil via carimbos Sum/Roadunner Records. No CD 2, remixes e versões alternativas de singles, também servindo como um complemento para coletânea The Least Worst Of, lançada em 2000.
Ainda:
+ Life is Killing Me foi o último álbum da banda a fazer uso de bateria programada, que havia sido usada anteriormente em October Rust (1996) e World Coming Down (1999). A bateria de estúdio seria usada novamente em Dead Again, de 2007
+ O baixo usado por Peter Steele, um Fernandes Tremor de 4 cordas, foi construído especialmente
para as gravações do álbum; exceto pelo tom de verde em seu design, que
desagradou a Steele.
+ Pouco antes de seu lançamento,o álbum vazou na internet, incomodando principalmente o tecladista Josh Silver a ponto de ele ter divulgado uma mensagem on-line reclamando que o vazamento havia levado a receita da banda.