Duo francês estreou fazendo a linha clássica dos sons eletrônicos; melodias cativantes com dose de sensualidade
Por Luiz Athayde
Quando o assunto é – antes, pedindo licença da expressão ao jornalista Fabio Massari – ‘bons sons’, a França geralmente dá a largada. E isso de forma natural, tendo em vista o histórico artístico de compor coisas fora do convencional. Mesmo no âmbito musical, e neste caso, envolvendo o pop, percebe-se de forma óbvia, uma identidade própria.
O Toxiq até se enquadra no quesito popular, mas seu viés é bem mais eletrônico. Suas raízes remontam há alguns anos, quando a cantora e compositora Claire Deligny resolveu deixar a banda Les Matchboxx de lado para focar em suas próprias músicas. Na ocasião, ela contava com o compositor belga e amigo de longa data, Manuel Roland, no desenvolvimento das mesmas.
A ideia era formar um projeto, mas a coisa só aconteceu com o aparecimento de outro amigo das antigas, Ulrich Vantillard, mais conhecido como Yul. Suas credenciais incluem desde trabalhos como DJ a produções para rádio e TV. Além de ter editado singles e EPs desde 2016.
Bom, estava formado o duo perfeito, que no meio da pandemia compartilhou dois aperitivos presentes em seu EP de estreia, Dans la bouche, devidamente editado pelo próprio selo de Yul, Résiste Records.
O registro apresenta 6 faixas, todas assinadas por Deligny e Roland, e levando a produção e arranjos de Yul. Para dar um acabamento no material, eles ainda contaram com Xavier Thiry no baixo e Manu Babu na guitarra. Além de Emmanuel Desmadryl, Ludovic Benhamou e Benjamin Joubert nas funções de gravação, mixagem e masterização respectivamente.
A faixa-título faz as honras, convidando o ouvinte a tomar um “banho quente” – no mais, ao ver a capa ilustrada por Cyrielle Sauvage, meia palavra basta. “Drogue Dure Drogue Douce” chega com cara mais minimalista/synth, inclusive lembrando Depeche Mode quando não está muito para smash hits.
E tome mais electro com “Idées Noires”. Influência mais visível da New Wave francesa aqui, embora seja impossível não relacionar com o mestre Serge Gainsbourg. “C’est sûr” segue a mesma pegada, como se fosse uma continuação da faixa anterior. Ambas são cativantes, até pelo andamento regido pelas batidas mais pulsantes.
“Sugar Pills” é a única em inglês no play. De ambiência espacial, quem brilha é Claire com suas melodias vocais. Já o encerramento fica por conta da versão instrumental de “Dans la bouche”. E devo dizer: é tão boa quanto a que apresenta vozes, só provando a consistência das composições.
Na verdade, só por aí, já é possível enxergar o dupla içando voos além do underground, até porque estamos nos referindo a junção de dois músicos experientes e com um paladar afinadíssimo para músicas envolventes, dançantes e com muita ambiência. Algo como um novo Air? Aí só o tempo e os próximos lançamentos irão dizer.
ouça Dans la bouche no Spotify: