Aniversário de um dos álbuns da discografia dos ingleses que mais divide opiniões
Por Luiz Athayde
Se houvesse uma versão musicada para a expressão “pisando no freio”, é bem provável que seria o 11º álbum de estúdio do The Cure.
Lançado neste exato dia, na distante classe de 2000, Bloodflowers encerra a década de 90 se distanciando cada vez mais do estado de espírito “feliz-triste” dos álbuns Wish (1992) e Wild Mood Swings (1996), para adentrar em uma atmosfera ainda mais melancólica no novo milênio.
Contando com uma de suas formações mais sólidas, como Robert Smith comentou em entrevista na época, o guitarrista e líder mais Simon Gallup (baixo), Perry Bamonte (guitarra), Jason Cooper (bateria) e Roger O’Donnell (teclados) vestiram a camisa da marca e nos anos de 1998 e 1999 se dividiram entre o St Catherines Court, Avon e RAK Studios em Londres para gravar o álbum.
A produção foi co-assinada entre Smith e Paul Corkett, que entre suas inúmeras credenciais, constam trabalhos como produtor e engenheiro de som. Além de mixagem de discos de nomes como Placebo, Catherine Wheel, Björk e Xmal Deutschland, para citar alguns.
Nenhum single necessariamente comercial foi lançado para promover o álbum. Também, pudera: a média de duração das músicas giram entre 6, 7 minutos. Ainda assim, a Fiction Records soltou duas edições promocionais para as rádios: “Out Of This World” (janeiro de 2000 na Europa e em maio nos EUA) e “Maybe Someday” (janeiro do mesmo nos EUA, e em abril na Europa).
Sua recepção causou e ainda causa opiniões distintas entre críticos e fãs. O Entertainment Weekly chamou Bloodflowers de “um dos trabalhos mais afetantes da banda”, enquanto que a Rolling Stone disse que “[Smith] pode escrever quatro músicas ruins seguidas, e os álbuns do Cure tendem a soar como uma tentativa de isolar um vazamento [de água] no sótão. […] Considerando que são nove faixas, Bloodflowers é meio que um zangão desprezível e imperdoável”.
Outra que não perdoou foi a Trouser Press, que se referiu ao registro como “completamente sem inspiração”. E o AllMusic, ao observar que, embora o mesmo contenha todas as marcas do The Cure, como “letras sombrias, vocais estridentes e longos tempos de execução”, o “álbum fica aquém do esperado, em grande parte porque soa muito muito autoconsciente”.
Fraco para uns e excelente para outros, o fato é que o próprio Robert Smith respondeu, ao ser questionado sobre deixar Bloodflowers de fora do set das apresentações de 2013 que incluíram o Brasil, que o álbum destoa de sua discografia, e por isso não conseguiria encaixá-lo em nenhum momento do show. O repertório foi composto essencialmente por músicas dos álbuns Wish e Disintegration, mais alguns dos clássicos da carreira.
No âmbito dos licenciamentos, lançamento mundial em CD, Cassete e LP duplo pelos carimbos Fiction e Polydor. No Brasil, Bloodflowers saiu em CD pela Universal Music.
Ainda:
+ Como é de praxe, a banda gravou músicas que não entraram no álbum, mas figuraram outros registros, como o Greatest Hits Demos & Rarities Microsite’, de 2001 (com a música “Just Say Yes”, que também foi regravada para entrar no outro e mais conhecido ‘Greatest Hits’, do mesmo ano); a caixa ‘Join the Dots’ (com a música “Possession”), de 2004; além da faixa “You’re So Happy (You Could Kill Me)!”, para a PSP networks; e as que se encontram somente no bootleg de demos do álbum, o ‘Lost Flowers’; “Heavy World” e “Everything Forever”.
+ O projeto que envolveu o álbum teve assinatura do irmão de Perry Bamonte, Daryl. Perry é creditado na parte fotográfica, juntamente com Paul Cox e Alex Smith.