A banda japonesa que foi muito mais que “Twiggy Twiggy”
Por Luiz Athayde
Neste dia, em mil novecentos e noventa e um, o álbum que botou o grupo japonês Pizzicato Five no mapa sônico do mundo era editado pelo carimbo Seven Gods Records.
This Year’s Girl é tudo isso graças a sua mistura singular movida pelo pioneirismo no Shibuya-kei – uma espécie de semente própria, nipônica, equivalente ao Madchester inglês.
Ou, em um sentido mais amplo, a combinação da vida noturna e comercial Shibuya, bairro de Tóquio; artistas dando mergulhos rasos na estética kitsch, em algo de Showa e pop sessentista ocidental, jazz e vai.
Formado em 1979 por Keitarō Takanami e Yasuharu Konishi, o primeiro álbum, Couples, só veio após algumas mudanças em 1987. Mas outras tantas aconteceram até se estabelecem com Maki Nomiya, tornando-se essa a formação clássica da banda.
No processo que levou até o álbum, o trio voltou a 1981 para resgatar uma antiga canção da cantora Nanako Sato, no qual havia, até então, uma única versão no primeiro disco solo de Nomiya Pink no Kokoro, de 1981. No entanto, foi a releitura que emplacou diais mundo afora e, principalmente a programação das MTV’s com seu vídeo divertido: “Twiggy Twiggy”.
Curiosamente, a música não foi editada como um single. Pudera: embora seja a maior fração (juntamente com “Baby Love Child”) das 18 faixas cantadas em inglês e japonês, o registro compõe um mar de samplers, spoken words e ambientações que impedem o ouvinte de adiantar um segundo sequer.
A consequência natural foi notas altas em veículos musicais e 55º lugar nas paradas japonesas.
Mas o sucesso não rendeu licenciamentos fora do Japão. This Year’s Girl só possui edições nipônicas em CD, e relançamento remasterizado nos anos 2000 e 2006, inclusive contando com capas diferentes.
Ainda:
+ “Party” é uma regravação do álbum solo da lenda local Harumi Hosono, ex-integrante do Happy End, Yellow Magic Orchestra, Friends of Earth e tantos outros.
+ Uma das principais influências de This Year’s Girl é o álbum de estreia do trio de hip hop De La Soul, ‘3 Feet High and Rising’.