Músico carioca colaborou com uma infinidade de nomes nacionais e internacionais ao longo da carreira
Por Luiz Athayde
Baixa no universo da bateria, baixa no jazz, baixa na música. Morreu nesta segunda-feira (17), o baterista e compositor de jazz fusion Ivan Conti, conhecido de forma querida como “Mamão”, aos 76 anos. A notícia veio por sua esposa e filhos, Sandra, Ivana e Thiago Maranhão, através das redes sociais.
Ivan Miguel Conti Maranhão nasceu no Estácio, berço do samba da cidade do Rio de Janeiro, na classe de 1946. Mesmo no começo da carreira, ele já se encontrava à frente do tempo. Nos anos 60, o músico estreou como violinista do trio bossa nova Os Dissonantes, logo seguido pelo grupo jovem guarda The Youngsters.
Foi neste último que se deu a gênese de seus experimentos, ao lançar mão de fitas e atrasos, a fim de criar sonoridades singulares. Mas os holofotes começaram a mirar para si como baterista do Azymuth.
A banda se formou em 1968, período em que Conti, José Roberto Bertrami e Alex Malheiros trabalhavam acompanhando artistas da gravadora Equipe.
Posteriormente, integraram a Phonogram, também como músicos de estúdio. Lá participaram de vários registros de nomes como Rita Lee (‘Atrás do Ponto Tem uma Cidade’), Raul Seixas (‘Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock’, ‘Krig-ham Bandolo!’, ‘Gita’ e ‘Novo Aeon’), Sérgio Sampaio (‘Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua’), Elis Regina (‘Em Pleno Verão’ e ‘Ela’), entre muitos outros.
Como banda, o Azymuth ficou conhecido por usar e abusar da fusão de samba, jazz e funk, resultando em uma marca própria que influenciou músicos no Brasil e principalmente no exterior. Não à toa, essa sintonia rendeu o apelido de “crazy samba” entre os fãs gringos.
A estreia discográfica ocorreu em 1972, com os álbuns Som Ambiente, seguido por Fly Cruzeiro; resultado da parceria da banda com Marcos Valle. Mas o verdadeiro ‘start’ acontece em 1975, via carimbo Som Livre, com Azimuth; uma peça em pouco mais de 40 minutos, onde apresentava todas as características acima citadas.
O mesmo também foi o passaporte do trio para os Estados Unidos, precedido pelos seminais Águia não come mosca (1977), Light as a Feather (1979) e Outubro (1980). Segundo o programador musical da Rádio França, Hugo Casalinho (via UOL), eles eram “o grupo brasileiro preferido dos americanos”.
De volta ao Brasil, na década 90, em plena explosão do acid jazz, eles já eram reverenciados por nomes como Incognito e o então novato Jamiroquai. Em 1996, assinam com a Far Out Recordings e passam a editar praticamente um disco por ano. No ano de 2012, sofrem a primeira baixa com a morte do tecladista Bertrami, mas o grupo segue com Fernando Moraes.
Conti também carimbou discos solo, sendo Poison Fruit, de 2019, o último. A produção é assinada por Daniel Maunick (ou Dokta Venom, associado à esfera dance music), e seu filho seu filho Thiago Maranhão, e conta com o baixista Alex Malheiros e o pianista Kiko Continentino, então companheiros no Azymuth.