Pequeno registro se mostra um prato cheio para fãs das lendárias falanges proto-punk
Por Luiz Athayde
Uma banda geograficamente dividida entre Paris, na França, e Berlim, Alemanha; e liderada por um vocalista e compositor escocês, Kevin Stewart, que bebe em fontes norte-americanas como The Stooges, Velvet Underground e demais contemporâneos. A alcunha? MOINK.
No Tomorrow carimba a estreia da formação que ainda conta com o guitarrista Boris Blade, e Tim Beutler no comando das batidas e sintetizadores, mas sobretudo é o trabalho destes europeus que merece uma maior atenção.
Originalmente editado de forma independente na classe de 2018, o EP de 5 faixas teve masterização assinada por Jim Barr, baterista do Portishead, e logo nos primeiros segundos da primeira audição, percebe-se que a intenção não é criar um novo gênero, e tão pouco soar como uma cópia de suas referências.
Apenas imagine Jon Spencer pegando carona em uma máquina do tempo para a Nova York dos anos 60 e, por um erro de cálculo, acabar parando no meio da estrada para Palm Desert, nos anos 90; e todo enrolado por cabos e conexões eletrônicas. É o que propõe, por exemplo, a instigante “Lost”, logo após a abertura feita por “Devil’s on the Crawl”.
A faixa-título é quase um tributo a Iggy Pop, ainda que tenha traços ainda mais sujos e blueseiros em sua espinha dorsal. Já “Strange Desire” é a que mais se aproxima do dark, se assim podemos dizer. Bem como “Witch’s Brow” com sua aura mais mística e psicodélica.
Se mesmo assim achou pouco, neste exato momento os garageiros europeus se encontram em estúdio preparando material novo. Além de estarem retomando a agenda de shows. Recentemente o grupo anunciou apresentação na capital alemã para o dia 23 de julho.
Por ora, nos resta o curto e rasteiro deleite de conferir uma ode à era dourada da música carregada por distorção, experimentalismo e certo descompromisso mercadológico.
Ouça No Tomorrow pelo Bandcamp, ou abaixo, no Spotify.