Teorias rondam a cabeça de quem vos escreve. Uma delas é que deve ter alguma água batizada que os dissidentes do eletrônico old school – subterrâneo, importante dizer – bebem para ainda soltarem discos tão relevantes.
Por Luiz Athayde
O caso do Front Line Assembly não é diferente. Formado pela mente mestre Bill Leeb logo após sair do importantíssimo Skinny Puppy, ainda na primeira metade da década de 80, o grupo passou por mudanças e, na medida que a tecnologia ia avançando, seu ataque sônico se aprimorava. Do caminho iniciado na demo Total Terror (1986), experimentos que foram do EBM ao Rock Industrial, sempre pendendo para os climas obscuros, que inclusive, influenciaram cenas com a alemã.
Em Wake Up The
Coma, é como se o grupo tivesse literalmente acordado da Matrix e
resolvesse voltar para suas raízes – ou “programações”, diga-se – puramente
eletrônicas. Contando com quatro participações de peso, o disco abre com “Eye
on You”, com um dos convidados de peso, Robert Görl do lendário DAF mostrando o cartão de visitas e
dizendo: “Front Line voltou sem guitarras, mas tão pesado quanto antes”.
Já “Proximity” mostra uma “proximidade” com a ex-banda de Bill, enquanto que um
cover foi permitido; “Rock Me Amadeus” do saudoso Falco.
O ponto alto se dá com a participação de Nick Holmes, vocalista do Paradise Lost na faixa título do álbum; um verdadeiro ‘Skinny Puppy meets Fear Factory‘ para dizer o mínimo. Ainda do lado mais pesado, “Mesmerized” e “Structures” para fazerem jus a qualquer pista dark que se preze, até o encerramento com a pós-futurista “Spitting Wind”; essa, contando com Chris Connelly (Revolting Cocks, Ministry, KMFDM etc) em um dos vocais.
É inegável que há muita coisa de qualidade sendo feita nesse âmbito, mas quando se trata de gente que ajudou a criar esse estilo eternamente underground, as atenções se tornam especiais, justamente pela forma surpreendente de como nomes já clássicos continuam ativos e mantendo o mesmo nível de outrora – ou, experiência faz a diferença.