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Depeche Mode: neste dia, em 1997, “Ultra” era lançado

Nem as rupturas causadas por excessos impediu os ingleses de lançarem um grande álbum

Por Luiz Athayde

O multi-platinado álbum do Depeche Mode, Songs of Faith and Devotion, de 1993 rendeu uma mega turnê mundial (que incluiu o Brasil pela 1ª vez), com muito público e excessos. Tanto que em determinado momento, Andrew Fletcher pulou fora devido a estafa.

Entre mortos e feridos, ao fim do giro pelo globo, volta Fletcher e sai uma das forças motrizes do grupo por muitos anos, Alan Wilder; o homem do som, o integrante que se dedicava a moldar as composições do líder, Martin L. Gore.

Depeche Mode em 1997 (Foto: Promo)

Wilder, de longe o membro mais centrado da falange inglesa, não aguentou os excessos do vocalista, Dave Gahan e de Gore, que estavam imersos nas drogas pesadas.

O ano era 1996 e o trio remanescente deveria dar um tempo, mas não foi o que fizeram; entraram em estúdio, ou melhor, nos estúdios Abbey Road, Eastcote, Westside, Strongroom e RAK (todos em Londres), e Electric Lady e Larrabee West (Los Angeles) com o produtor Tim Simenon – mente mestre do Bomb the Bass – para adicionar mais um álbum à discografia.

Lançado via carimbo Mute Records, Ultra foi o primeiro disco do Depeche Mode como um trio desde A Broken Frame, de 1982; na ocasião também enfrentando a dureza da separação de outro integrante importante, Vince Clarke.

Mais introspectivo em relação ao registro anterior, o trio focou em canções mais densas, obscuras e ainda lançando mão de um certo charme, devido as sutis influências de jazz.

Não à toa, a banda contou com bateria “de verdade” e outros instrumentos acústicos para gravar boa parte do disco; sem mencionar os músicos de categoria peso-pesado para agregar as sessões: Doug Wimbish (baixo), do Living Colour, o saudoso Jaki Liebezeit (bateria), do Can, o multi-instrumentista japonês, Gota Yashiki, conhecido por tocar no Simply Red, o ex-Dire Straits/Mark Knopfler solo, Danny Cummings (bateria) e muitos outros.

Dave Gahan, Tim Simenon e Martin Gore no estúdio (Créditos: Depeche Mode)

Mais que isso, este é o álbum que conta com algumas das melhores performances vocais de Gahan, como o mesmo atestou na época: “Elas [as músicas] levam você realmente a um lugar, onde quer que esse lugar possa ser, e te levam a uma jornada, contam uma história e você escuta, sabe, isso te atrai. ‘Sister Of Night’, para mim, pessoalmente, é um dos melhores vocais que já produzi.”

De todo esse trabalho, 4 singles foram editados: “Barrel of a Gun” (03/02/1997) e “It’s No Good” (31/03/1997) antecipando o álbum, e “Home” (16/06/1997) e “Useless” (20/10/1997), dando continuidade às atividades promocionais.

“It’s No Good” foi de longe o mais bem-sucedido, inclusive Brasil, onde teve exibição constante do hilário videoclipe na programação da MTV e cadeira cativa nas diais do país. Já lá fora, medalha de ouro na Suécia, Dinamarca, Espanha e nos Estados Unidos, na cobiçada Billboard.

Capa do CD Single de “It’s No Good” (Reprodução)

Mas Ultra foi muito bem, obrigado. Posições altas nas paradas britânica e estadunidense (Billboard 200), e mesmo quase dez anos depois o álbum continuava vendendo nos Estados Unidos; 584,000 cópias.

Nas famosas listas de “melhores”, número 71 nos “100 Álbuns que Chocaram o Rock Polonês”, da Tylko Rock e 50ª posição no “Top 136 of So Albums of the Nineties”, ambos em 1999.

A distribuição também foi massiva, com lançamento mundial incluindo países, como Eslovênia, Colômbia, África do Sul, Tailândia e Emirados Árabes. No Brasil, Ultra chegou no ano de lançamento, em CD via carimbo Paradoxx Music, e reeditado em CD remasterizado, pela Roadrunner Records no ano 2000.

Ainda:
+ Ultra reverberou de tal maneira que originou um festival de mesmo nome; Ultra Music Festival, em Miami.

+ A versão remasterizada do disco também ganhou o documentário, ‘Depeche Mode 95-98 (Oh Well, That’s the End of the Band…). O mesmo aborda os motivos da saída de Wilder da banda, a “morte” de Dave Gahan e sua reabilitação.

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