Álbum pré-Trilogia de Berlim impressiona pelo balanço e a pegada space rock
Por Luiz Athayde
Desde 2016, janeiro é um mês que traz a imediata triste lembrança da morte de David Bowie, e também do seu nascimento, já que não se encontra entre nós. Para consolo de todos, ou parte, um de seus melhores discos também faz aniversário: Station To Station.
Gravado no estúdio Cherokee em Los Angeles entre setembro e novembro de 1975, o registro teve produção assinada por Bowie juntamente com Harry Maslin, e foi envolto a quantidades significativas de cocaína e drogas afins.
Sua capa de mote dark, é uma fotografia (ou ‘movie still’) do filme O Homem Que Caiu Na Terra, de Nicolas Roeg, e a sonoridade do álbum não poderia ser diferente, e também não tão óbvia; Station To Station mostra uma evolução natural dos flertes de Bowie com o funk e a soul music, mas processada na máquina recém-construída do krautrock, de Neu!, Kraftwerk e Tangerine Dream – este último ainda mais evidente no álbum seguinte, Low.
No âmbito lírico, Nietzsche, Crowley, mitologia em torno da Alemanha Nazista e religião. Por isso mesmo que álbuns críticos o descreveram como “um de seus mais acessíveis e impenetráveis álbuns” da discografia.
Tal interesse gerou certa controvérsia, e com isso, Bowie foi bastante criticado na época da turnê do álbum. Em uma entrevista dada em 1974, o artista declarou: “Adolf Hitler foi uma das primeiras estrelas do rock… tão bom quanto Jagger… Ele encenou um país.”
Além disso, em abril de 1976 o artista chegou a ser preso pelas autoridades da Europa Ocidental por posse de memorabilia nazi, usando em sua defesa, o vício em drogas e seu alter ego nos palcos, o Duke Branco.
O fato é que esse e outros incidentes só contribuíram para aumentar a publicidade do álbum que perdura até os dias de hoje. Inclusive sua recepção não poderia ser melhor. Considerado um álbum transitório entre Young Americans e Low, músicos e críticos não pouparam elogios ao mesmo.
“Se Low é o álbum [no estilo] Gary Numan de Bowie, então Sation to Station é o Magazine”, escreveram Roy Carr e Charles Shaar Murray em 1981. Já Brian Eno disse Low era “uma continuação de Station to Station” e que Station to Station é “um dos grandes discos de todos os tempos”.
Nas paradas: 6º lugar no Japão e na Suécia, 5º na Itália e Reino Unido, medalha de bronze na França, Holanda e Estados Unidos e prata no Canadá; isso nas primeiras semanas; no fim do ano o álbum carimbou sua melhor posição na parada holandesa, 30º lugar.
Nos licenciamentos: inúmeras vezes em CD à partir de 1985 pelo mega carimbo RCA com a arte original em preto e branco; em 1991 pela Rykodisc bom duas faixas bônus ao vivo; edição remasterizada em 1999 com bônus com capa branca e o título em vermelho STATIONTOSTATIONDAVIDBOWIE.
Edições especiais e deluxe em 2010 com EP, faixas bônus ao vivo (duas apresentações compeltas) e DVD do ao vivo no Nassau Coliseum, em 1976. No Brasil, o álbum saiu em LP, em 1976 e CD e Cassete em 1991, ambos pela EMI.