Inaugurando uma nova fase em sua vida, Gustavo Black Alien nunca esteve tão afiado
Por Luiz Athayde
Após (momentos) altos, médios, agudos e graves, o eterno Mister Niterói chega ao seu terceiro álbum mais afiado no que nunca.
Quase tão aguardado quanto seus discos anteriores, Abaixo de Zero Hello Hell mantém a pegada atual, firmando Black Alien como um maestro do rap moderno, em escolhas certeiras de timbres e arranjos. Mas o grande lance, obviamente, estão nas suas letras, com nítida ode ao seu novo estilo de vida mais sóbrio.
E justamente por saber que essa palavra (sóbrio) causa espantos e até mesmo urticárias em muita gente, ele dispara, como em Take Ten:
“Eles metem o nariz, botar a cara, eu duvido/Um bando de juiz que julga com telhas de vidro/Tempo ruim eu tô quebrando, mergulhando em águas rasas/Tempo bom eu tô quebrando a banca, enchendo várias casas”.
Ou em Aniversário de Sobriedade: “Isso é metanfetamina, a droga dos kamikazes/Precisam de coragem pra poder morrer na guerra e eu preciso de coragem pra viver fazendo as pazes/Ou quase/Se me der guerra, eu quero mais/O tempo fecha e eu tô de pé chamando temporais/Viciado em caos, na beira do cais/Banquete animado ao bando de animais”.
Paralelo a isso, suas já tradicionais referências musicais, populares e filosóficas, enriquecendo ainda mais a sua lírica bereta; semiautomática, de ação simples, torta, e principalmente, afiada.