Registro traz uma aura vibrante e extremamente nostálgica
Por Luiz Athayde
É por causa de álbuns como esse que a década de 80 insiste em não sair de moda. Culpa do Bel Epoq, duo alemão formado em Lübeck, no norte da Alemanha.
Ah, o disco em questão é Adagio for Dance, resultado da paixão de Ariane Jahn e Timo Köhler pelas sonoridades mais dançantes e cinemáticas que assolaram aquele período. Junte isso com uma dose extra de darkwave, até para não deixarem as coisas floridas.
O registro traz produção, mixagem e masterização assinadas por Jurik Maretzki. Curiosamente, o mais próximo que seu currículo mostra de sons oitentistas é o Laserdrive. Outras produções suas incluem nomes do punk e indie rock.
Ainda que o prisma seja os da pista de dança, cada canção apresentada no disco soa como um petardo sônico. Talvez por isso, sua curta duração: 28 minutos – genialmente bem distribuídos.
Sua introdução (“Dark”) até ameaça uma faixa outrun (uma das variações do synthwave), mas “I Will Dance with You” entra em cena para ser relacionar com as trilhas dos longas de aventura, especialmente dominada por cantoras. As batidas quebradas aliadas à atmosfera etérea, mais as vozes dobradas, dizem tudo.
No entanto, é apenas o começo. “Rain in July” soa ainda mais nostálgica, e claro, envolvente. O que não significa que a faixa seguinte lhe dê descanso. Pelo contrário: “Never Enough” traz aquele clima Flashdance – uma constante no play – com A-ha que, sinceramente, é impossível não se viciar.
“Weak” surpreende por uma nova mescla. Agora, porém, do moderno com o antigo. Aqui, Ariane canta como se fosse a última coisa que estivesse fazendo na vida. Tamanha a sua interpretação vocal. Jurik, por sua vez, participa sob a alcunha ‘Jurythmics’ e contribui com batidas dubstep.
Outro interlúdio a seguir, “Trabant”. Só que estendido. E nada como um synthpop bem ao estilo velha escola, mas com peso e um certo clima experimental.
Sem diminuir o grave, “Mind & Matter” volta à pegada pop do álbum; dançante, pra frente, sombria. Aliás, essa já integra a cereja do bolo, que também inclui “Falling” e a explosiva “Little Bird”. Embora apresentem andamentos semelhantes, o sabor está justamente no clímax, nos refrãos.
Em suma, trata-se de uma verdadeira máquina do tempo em forma de música. Nove, na verdade. Todas melódicas, pulsantes e imagéticas. Indicado cegamente para aficionados a nomes como NINA, Sandra (ex-Cretu) e as trilhas sonoras hollywoodianas daqueles anos dourados.
Ouça Adagio for Dance na íntegra pelo Bandcamp, ou a seguir:
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