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Anna Homler – Deliquium in C

Em seu mais novo álbum, a “Mulher Pão” colocou  a música ambiente como força motriz

Por Luiz Athayde

Entra moda, sai moda e alguns gêneros musicais nunca deixam de dar as caras – os sons. Essencialmente voltado para a emissão de timbres característicos a fim de criar uma atmosfera sonora ou apenas como um complemento de algo substancialmente maior, a música ambiente sempre esteve, de alguma maneira, sempre esteve pronta para se entrelaçar aos mais variados gêneros musicais, independente do estado “sônico” das coisas.

Etereamente enquadrado nesse contexto, está o mais novo álbum da cantora, compositora e (especialmente) artista visual Anna Homler. Sucedendo FTS003 – disco em parceria com Pierre Bastien & Cabo San Rogue, Adrian Northover e Dave Tucker –, Deliquium in C é praticamente um EP; lançado pelo selo suíço Präsens Editionen, esse trabalho é uma extensão das suas consistentes e diversificadas experimentações (no que diz respeito a gravação) iniciadas em Breadwoman, na classe de 1985. São quatro faixas resultantes de quatro parcerias compostas por artistas dominantes da música eletrônica e experimental, como Alessio Capovilla, Steven Warwick, e o finado companheiro em Breadwoman Steve Moshier.

Anna Homler

De caráter cinemático, “O’as Va’ya” me remete a momentos poéticos de dramas asiáticos contemporâneos, enquanto a faixa título, em parceria com o saudoso Steve Moshier casaria perfeitamente com as cenas mais densas de O Cavalo de Turin (2011) de Béla Tarr e Ágnes Hranitzky se estivesse lá, embora não seja a intenção de Homler.

“Nepenthe” talvez seja a mais “acessível”  aos ouvidos acostumados com o formato tradicional de música pop. Sob a alcunha Voices of Kwahn, Anna Homler & The Pylon King nos trazem um “quê” de  jazz com “Almost Beautiful”, uma de suas mais belas canções.

A melhor sensação de ouvir Deliquium in C é o ouvinte poder absorver, à sua maneira, as ilimitadas nuances no decorrer dos seus pouco mais de 28 minutos de duração, como uma experiência ritualística; algo que se perdeu graças ao uso supérfluo dos avanços tecnológicos.

Ouça “Deliquium in C”:

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