O disco não surpreendeu às mídias especializadas, mas não impediu as ótimas vendas
Por Luiz Athayde
A classe de 1991 não caberia no gibi, se fosse registrada pelos lançamentos seminais. E o shoegaze não ficou de fora, também graças ao Slowdive, ao lançar seu álbum de estreia, Just For A Day.
Carimbado pela Creation Records, o disco foi gravado no estúdio Courtyard, em Oxfordshire, Inglaterra, e a produção levou a assinatura do guitarrista, vocalista e um dos mentores, Neil Halstead, juntamente com Chris Hufford, conhecido por trabalhar como manager do Radiohead.
O grupo vinha de uma pequena sucessão de EPs, que inclusive tiveram ótima receptividade; os tons dreampop se mesclavam a uma sonoridade que se alinhavam à sujeira do noise rock, mas promovendo um resultado etéreo, quase hipnótico.
Quando o álbum saiu, o entusiasmo não foi grande. Pelo contrário, os veículos especializados se mostraram decepcionados com as músicas. A revista Lime Lizard não deu colher de chá para (a vocalista e guitarrista) Rachel Goswel e companhia, escrevendo que o registro saiu prematuramente e estava “mais para uma continuação, ou celebração aquosa, ao invés de um avanço”, se comparado aos EPs anteriores “bastante sofisticados”.
Já a Select teceu a inevitável comparação com a ex-banda de Elizabeth Fraser, dizendo que eles “apenas cantam devagar, tocam indistintamente e acabam soando como Cocteau Twins com lastro”, ou seja, muito rudimentar. A Touser Press foi mais generosa ao escrever que “as canções sólidas são de tirar o fôlego, e as que não são [sólidas], soam no mínimo hipnóticas e lentamente sensuais”.
Mas em a avalanche de críticas impediu que a estreia discográfica da formação de Reading fosse bem nas vendas. Queridos pela molecada alternativa britânica, Just For A Day alcançou a 32ª posição geral e o 1º lugar nas paradas independentes de álbuns mais vendidos.
Quanto aos licenciamentos, somente Reino Unido, Alemanha, Austrália e Japão editaram suas versões em CD e vinil. Além de Canadá e Estados Unidos, em 1992, incluindo também o formato cassete.
Ainda:
+ A capa é creditada à Califram Photography, que também havia feito a arte do EP Holding Our Breath (1991)
+ Em 2005 saiu relançamento em CD duplo remasterizado, incluindo o álbum, mais faixas extraída dos EPs prévios e Peel Sessions.