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Você Precisa Ouvir: Máquina – Máquina (2012)

Dotados de um som potente e letras extremamente bem construídas, os cariocas da Máquina mostraram que é possível fazer synthpop em português

Por Luiz Athayde

Das inúmeras escavações de poucos anos atrás, esse é, provavelmente, o grupo que mais me chamou  à atenção. Formado na caótica cidade do Rio de Janeiro em junho de 2010 por Nuno Neto (vocal e baixo), Tulio Mosci (guitarra e programações) e Fred Castro (bateria e percussão), a Máquina lançou seu único e autointitulado álbum em 2012.

Logo de cara, ou melhor, de ouvidos, percebe-se uma diferença no que diz respeito a qualidade do que estava sendo produzido no cenário independente brasileiro, ao menos no âmbito Pós-Punk/Synthpop. Estilos esse que dominaram com uma maestria de causar espanto – a quantidade de pessoas a qual empolgado, mostrei esse play na época, não cabe no gibi –, tamanha a qualidade emanada do disco, como se New Order e Depeche Mode fossem crias de um Rio em seus dias chuvosos e acinzentados.

Máquina (Foto: Divulgação)

Como letras em português ainda são um tabu em determinados gêneros musicais, Tulio mostra, em timbres de “mote Isnard” (Guilherme Isnard, vocalista do injustiçadíssimo Zero) que os fantasmas da violência devem ser mostrados mesmo é em português, como “Maré-Gaza”: “Cai a noite entre os muros/Hora de fugir outra vez/E ela até chamou meu nome/Mas eu não ouvi, ninguém ouviu”. Ou em “São Sebastião”, traçando uma realidade ainda mais dura em forma de poesia urbana:

Começando outra missão/Nosso irmão Sebastião/Teve um encontro com Deus […] Cada filho meu parado no ponto/Cada filho meu fumando um Belmonte/Cada filho meuprocurando seu santo/Cada filho meu pra quem esse mundo diz não



O grupo ainda produziu três clipes para promover o disco: “Submissão”, “Céu das Três” e “Vidro”, todos muito bem filmados e com uma excelente quantidade de visualizações e shows marcados em algumas cidades do Brasil. Mas nem assim deram continuidade; o último rastro de notícias é um vídeo de um ensaio gravado em maio de 2016.

Você precisa ouvir  Máquina porque foi um grupo que manteve a máxima de que é possível fazer música independente de qualidade no Brasil sem dever nada ao que é produzido em outras fronteiras; mas também porque petardos como esse não devem cair no esquecimento, como já aconteceu com tantas bandas. Seu som é dark, mas merecem um lugar ao sol.

Ouça o álbum completo no Spotify:

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